ADUVALDO RAMOS & PTC

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Entrevista concedida à “A DEBULHA”, pelo Sr. Aduvaldo Ramos, gerente da CASEMG nesta cidade e ex-Presidente do Patos Tênis Clube-PTC.

Durante quanto tempo, o senhor presidiu o Patos Tênis Clube?

Durante 15 anos.

Qual o critério para a escolha do Presidente do PTC?

Fui nomeado pelo Governador do Estado e agora, daqui por diante, em virtude de um convênio que fizemos com a Diretoria de Esportes, o Presidente será eleito, por um Conselho Deliberativo, na conformidade dos Estatutos. Fui nomeado pelo Governador Bias Fortes e mantido por seus sucessores apesar de ter posto o cargo à disposição diretamente à Diretoria de Esportes e através do Deputado Sebastião Alves do Nascimento, seguramente umas oito vezes.

Em linhas gerais, qual era a situação do PTC, quando o senhor assumiu sua presidência, principalmente o setor financeiro?

Tenho aqui, toda documentação do que recebi. A situação do clube era muito ruim e disto não culpo a ninguém, absolutamente. Recebemos o clube com um débito de nove mil e poucos cruzeiros em 1968. Infelizmente, como todos viram na época, o clube estava completamente desleixado, porque talvez as pessoas que estavam dirigindo, não tinham tempo suficiente para melhorar aquela situação. Não havia material nenhum.

Quem administrava o PTC, antes?

Estava entregue ao Rotary Clube. Recebi o clube do senhor Márcio José de Souza que era Presidente do Rotary e do senhor João Pacheco Sobrinho, também rotariano.

Qual a situação atual do PTC?

A situação do Patos Tênis Clube, em fevereiro, quando entreguei a presidência ao vice-presidente João Dias de Oliveira, o popular “Macarrão”, conforme este balancete que tenho em mãos, era a seguinte: saldo CR$ 656.395,88, em depósito na Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais, sem nenhuma despesa a pagar.

Fizemos vários empreendimentos. O maior deles, foi trazer para Patos, um Ginásio Poliesportivo, que foi iniciativa da Diretoria do PTC, junto com o falecido Deputado Sebastião Alves do Nascimento e outros amigos. Conseguimos naquela ocasião, passar na frente de muitas cidades maiores que a nossa. Através de um amigo nosso em Belo Horizonte, conseguimos trazer aqui o Presidente da Diretoria de Esportes que presenciou o nosso trabalho e o nosso esforço e conseguimos trazer este grande melhoramento. O Ginásio que seria construído seria do tipo “standard”, com capacidade para 2.500 pessoas, mas o prefeito da época, Dr. Waldemar Rocha Filho, resolveu construir um Ginásio maior e graças a ele, conseguimos o que ai esta e o clube é grato ao Dr. Waldemar. Poderíamos ter hoje, um Ginásio menor e sem ônus para a Prefeitura, pois já o havíamos conseguido, mas o senhor prefeito então resolveu fazer uma obra pela qual, marcasse seu governo e com isso, Patos ganhou.

Outro grande empreendimento, foram os muros que fomos obrigados a fazer, em volta da propriedade, o que não era de nosso gosto, pois “engraçadinhos” se postavam junto à cerca que existia, criando problemas e às vezes, tivemos até que chamar a polícia para coibir abusos.

Outra coisa que está lá, bem cuidada, é o departamento de sauna e ducha.

Fizemos ainda um campinho de futebol, de grama, com alambrado, tudo do melhor material possível, que custou para o clube, a importância de CR$ 820.000,00, material este, comprado à vista.

Com relação aos associados: nós pegamos o PTC com 426 associados e somente 33 quites com suas mensalidades; hoje, temos 1600 a 1800 bons associados.

Todos os melhoramentos, foram feitos com o dinheiro dos associados, conforme balancetes mensais afixados no clube e que foram publicados nos jornais locais, com grande regularidade (quase que mensalmente).

Esta é a única Praça de Esportes no Estado de Minas Gerais que faz esta publicação de balancetes e é um clube auto-suficiente, com crédito em Patos de Minas, Belo Horizonte, Rio e São Paulo. Nós fazemos pedidos de materiais por telefone.

Quais foram seus companheiros de Diretoria durante este período?

Foram excelentes companheiros: João Batista Dias (Macarrão), que assumiu agora, a Presidência; Dr. José Newton Ferreira (hoje residindo em Belo Horizonte); Heloísio Antônio da Silva, funcionário da Souza Cruz; Edilson Luiz de Lima, o “China”, que é o Tesoureiro; Ilídio Pereira Júnior, 2.º Tesoureiro e Hélio de Castro Amorim, que é o Superintendente do clube.

Durante todo esse período de luta, sempre contei com o apoio desses companheiros e da quase totalidade dos associados.

Pelos estatutos que agora estão em vigor, o Presidente será eleito para mandato de quanto tempo?

Biênio. O clube mantém com a Diretoria de Esportes um convênio, dentro do qual o clube é livre para organizar, para dirigir e zelar daquele patrimônio que é do Estado de Minas Gerais. Enquanto o PTC respeitar o convênio, viverá assim; que dizer que o Patos Tênis Clube, não é hoje um clube ligado ao Estado; de certa forma, é um clube como os outros que existem na cidade.

Este Clube que de certa forma é do Estado, estaria se tornando inacessível ao povo, de um modo geral, pelo preço de suas jóias e mensalidades?

É o clube que tem a mensalidade mais barata do Estado de Minas Gerais. São 120 cruzeiros, para o casal. Temos associados que têm oito (8) filhos. Com os 120 cruzeiros mensais, entram ele, a esposa e os oito filhos. Existe em uma cidade próxima, uma Praça de Esportes que está inativa, com mensalidade de 200 cruzeiros. Os filhos maiores de 18 anos, passam a pagar uma mensalidade de 80 cruzeiros, sem nenhuma jóia. Existe para os novos associados uma jóia de 5 mil cruzeiros, que vai passar para 10 mil cruzeiros. Como se vê, é muito pouco, considerando-se a desvalorização do dinheiro e também que o clube tem despesas grandes. Temos uma folha de pagamento mensal, com funcionários e técnicos para vôlei, basquete, natação em torno de 90 mil cruzeiros, que em maio deverá ser aumentada em 40%.

Quer dizer que não há possibilidade de um associado transferir seus direitos para outros?

Não. O que se paga é uma jóia e não uma quota, pois os próprios pertencem ao Estado de Minas Gerais e o clube tem apenas, um convênio com o Estado.

Qual a situação atual do Clube, com relação a bolas, uniformes e materiais em geral?

Hoje devemos ter (e quem quizer comprovar é só ir lá e ver), uns dez jogos de camisas novos; 36 agasalhos olímpicos, marca ADIDAS que custam 4.700 cruzeiros cada. Deveremos ter umas 20 bolas de basquete, umas 30 de vôlei, umas 20 de futebol de salão em bom estado: temos calções e todo o material necessário à prática do esporte, com grande fartura.

Um aspecto importante: nunca esta atual diretoria do PTC, promoveu um rifa siquer; nunca fizemos correr no comércio, uma lista de pedido de ajuda. Tudo o que se fez, foi com o dinheiro do associado. Nunca diretor nenhum lançou mão de qualquer dinheiro seu para pagar despesas ou emprestar ao clube, pois, consideramos que o clube tem que se manter com os seus próprios recursos.

Creio que esta Diretoria, durante seu mandato, fez tudo para incentivar em Patos, o esporte especializado, coisa aliás, muito difícil pois não é como o futebol, que está no sangue do brasileiro. É muito difícil, trabalhar com o esporte especializado. As despesas são muito grandes. Querem ver: fizemos aqui as finais do campeonato de basquete infantil e gastamos com esta promoção 58 mil cruzeiros e tivemos de renda, somente 3.800 cruzeiros. Entretanto as dificuldades do esporte especializado acontecem no Brasil inteiro, mas graças aos nossos associados, nosso clube é um clube que merece todo o respeito dentro da Diretoria de Esportes.

Algum dos diretores recebe alguma remuneração?

Não. Absolutamente nenhuma.

Por que o senhor resolveu se afastar da Presidência?

Ora, quinze anos, são suficientes para cansar, não? Eu estou cansado e me afasto para que outros mais novos, possam fazer mais, além disso, a CASEMG, está exigindo muito mais de mim, ultimamente. A respeito de conversas de rua que há por aí, devo dizer o seguinte: por muito boa que seja uma Diretoria, sempre a carga de administrar, zelar e responder, está sempre com o Presidente ou com ele e o tesoureiro; sempre um ou dois e isto é em toda diretoria. E então, o presidente é chamado de ditador. Não. Nunca fui ditador no PTC, sempre zelei pelo convênio assinado, sabendo o que se pode fazer e o que não se pode fazer.

O Clube recebe alguma subvenção da Diretoria de Esportes?

É muito raro. A Diretoria de Esportes, nos deu em 1976, uma verba de 200 mil cruzeiros, que foi passada para a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, para a cobertura metálica do ginásio, que ficou em 450 mil cruzeiros e a Prefeitura estava em dificuldades. Talvez em virtude do grande número de clubes que há no Estado, é impossível quase, receber-se alguma verba, pelo menos para materiais esportivos. Acontece também, um fato muito interessante, quando um clube se torna auto-suficiente, como aconteceu com o nosso, as verbas deixam de vir.

Já houve pedidos de verbas não atendido?

Em princípio, sempre pedimos e depois de fazê-lo, pois não eramos atendidos; depois, tornamo-nos auto-suficientes, sem dever nada e sempre tendo um saldozinho em bancos e deixamos de pedir.

E da Prefeitura, o PTC, recebe alguma coisa?

Em 1980, a Prefeitura concedeu uma doação de 20 mil cruzeiros, porém, ela tem ajudado muito ao PTC, como por exemplo: há dois ou três funcionários sempre trabalhando, nos serviços de capina, limpeza e outros. Há pouco, fizemos uma viagem a Uberlândia e o Prefeito pagou o especial de ônibus. Sempre contamos com a boa vontade e a simpatia dos prefeitos.

O associado tem também, o direito de usar a sauna, com a mensalidade paga?

Não. A sauna é serviço. E à parte. O aparelho de sauna custou 98 mil cruzeiros e hoje custa 380 mil; além disto, as despesas são muito grandes. Porém, o associado tem desconto de 50% em uma sauna que cobra muito barato, ou seja, apenas 60 cruzeiros e o associado vai pagar então, 30 cruzeiros.

Há alguma obra em andamento?

No segundo dia no cargo de Presidente do PTC, o nosso amigo Macarrão, começou a agir. Está azulejando todas as paredes internas do prédio, onde estão os vestiários e outras dependências; vai revestir a fachada do clube, com aqueles tijolinhos vermelhos. Colocou mais uma pena d’água de duas polegadas, (muito embora, tenhamos um poço artesiano) para uma emergência. É uma prova de que era importante a presença de um Presidente novo, descansado, como ele, desportista de alto quilate, que precisa receber todo o apoio dos associados e do povo em geral, porque o clube tem ainda muito que fazer e pode crescer muito.

Quando e de onde o senhor veio e qual motivo que fez com que Patos tivesse a honra de recebê-lo?

Vim de Belo Horizonte, há 23 anos, para assumir a gerência da Agência local da CASEMG (Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais), com uma carta de apresentação, para o nosso inesquecível João Pacheco Filho. Graças a Deus, aqui me dei muito bem, onde eduquei minhas filhas, que se casaram aqui: tenho quatro netos nascidos aqui e meu filho também, nasceu em Patos de Minas. Fui agraciado pela Câmara Municipal, há três anos, embora sem merecimento, com o título de Cidadão Honorário, o qual, ainda não procurei. Recebi também, com surpresa e fiquei muito agradecido ao “Correio de Patos”, ao ser no ano passado, agraciado com o destaque, na área gerencial. Já sou patense mesmo. Por diversas vezes, a minha empresa já necessitou dos meus serviços em Belo Horizonte e em outras cidades do interior e eu sempre disse claramente: “de patos eu não saio, agora, a Agência, está à disposição”.

Alguma mensagem aos associados, desportistas ou ao povo de Patos?

Quero neste instante, agradecer muito sensibilizado, aos meus colegas de diretoria, que sempre, fizeram o que puderam para que o clube galgasse uma posição de renome no esporte especializado do Estado e agradecer mais ainda, ao quadro de associados do Patos Tênis Clube, pela pontualidade no pagamento de suas mensalidades. A eles é que é devido o sucesso do clube na presente época.

* Fonte: Entrevista de Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada na edição n.º 21 de 31 de março de 1981 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Fotos: Arquivo do Patos Tênis Clube.

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