REBELIÃO DE PRESOS EM 1997 E A NECESSIDADE DE NOVA CADEIA

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Há poucos dias a cidade tomou conhecimento de mais uma rebelião dos presos de nossa cadeia pública. Eles fizeram um grande buraco no muro da avenida Paracatu e tentaram escapar por ele, mas foram impedidos pelos soldados da Polícia Militar que guarneciam o local. As justificativas para a tentativa de evasão são muitas, e vão desde a grande quantidade de homens confinados em uma mesma cela até as péssimas condições de sobrevivência dos prisioneiros. Isso vem acontecendo em todo o Brasil e traduz a calamitosa situação vivida pelos que foram condenados à pena de prisão por crimes cometidos contra a sociedade.

No caso específico de nossa Cadeia Pública, não se pode deixar de lado a convicção de que uma nova casa de detenção já deveria ter sido construída há muito tempo. O levantamento do complexo carcerário que vai substituir as instalações do prédio quase centenário que vem sendo usado, iniciada há algumas semanas¹, “chega com atraso de 50 anos”, na opinião do publicitário Vanderlei Braga, para quem o prisioneiro, “apesar de privado de sua liberdade, não perde a condição de ser humano, e por isso deve ter à sua disposição condições para cumprir com dignidade a pena que lhe foi aplicada pela Justiça”. Considera Vanderlei Braga que a liberdade “é o bem mais precioso do indivíduo” e que a sua perda já é uma punição rigorosa e difícil de ser suportada. “Agravá-la com condições de vida desumanas é punir duplamente o mesmo condenado, e isso não deve ter apoio da lei que é punitiva, mas não vingativa”, completa o publicitário.

Para José Cardoso, funcionário do Posto JK, a transferência da Cadeia Pública para um novo local já deveria ter sido providenciada há mais tempo. “Primeiro porque os presos vão ficar melhor alojados, e isso não é favor, mas uma obrigação que as autoridades têm para com os prisioneiros. Porque as pessoas, por pior que tenha sido o crime cometido por elas, não podem ser maltratadas em nome da lei”, afirma José Cardoso. “Além do mais, há que se considerar a tranqüilidade dos moradores da região, que viviam sobressaltados com as constantes tentativas de fuga. Dessa última vez, então, dizem que aconteceu um corre-corre e um tiroteio danado, e alguém que não tem nada com isso pode acabar sendo vítima da situação incômoda que estamos vivendo”, diz ele. “Para mim, a nova Cadeia já deveria ter sido construída ontem”, completa José Cardoso.

* 1: Leia “Inaugurada a Nova Cadeia Pública”.

* Fonte e foto (Joaquim Amaral): Texto publicado com o título “Nova cadeia já vem tarde” na edição de 06 de outubro de 1997 do jornal O Tablóide, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann.

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