COBRANÇAS EM 1907

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TEXTO: JORNAL O TRABALHO (1907)

Agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura, é o rifão mais antigo que trago no meu canhenho.

E então?… E’ verdade. Labóra, insta, obsecra, opportune et importune.

Temos no nosso “Trabalho” empregado os nossos esforços pelo bem estar do nosso Municipio e seu duplo progresso.

Luctamos e luctaremos pela hygiene e pela educação da mocidade, não nos esquecendo (como fiscaes ad hoc) de defender os interesses do povo que grita e chora por ver tanto dinheiro (dizem más línguas) guardado no cofre da Camara Municipal. Depois de tantas implicancias já os nossos pançudinhos frequentam as escolas com mais assuidade e com um arsinho mais prasenteiro, melhor côr e mais robustez, quer dizer que lá se foram as lombrigas e os senhores paes de familia tiveram mais cuidado com seus filhinhos; já se fala em augmento ou mudança do semitério para outro local; dizem que teremos agua canalizada come it faut, isto é, com todos os requisitos precisos para tapar de uma vez a bocca desse povo gritador.

Arre! desta vez não carregarei mais agua em potes apesar della ser potavel.

Mas os animaes continuam pelas ruas a vagar deteriorando cada vez mais a nossa praça, as nossas ruas.

E a questão não é só esta… me implico com os senrs. fiscaes que pegando a sua porcentagem ficam de barriga para cima dormindo á sonno solto sem se importarem com o asseio da cidade e dos arraiaes, do concerto dos desbarrancados das ruas e das estradas. Não serão elles obrigados a fazer de tudo sciente a nossa edilidade municipal?… me implico e peço ao Sr. Presidente para tomar providencias sobre o estado das escolas e dos srs. professores que não ligam a minima importancia ao munus importantissimo que lhes foi imposto sob juramento do cargo que occupam.

Não, não pode assim, os paes têm obrigação de mandar os seus filhos para a escola e o professor deve zelar pelo progresso e adiantamento dos meninos ensinando-lhes a ler e escrever não só, como também as regras de hygiene e da bôa civilidade tão olvidada entre nós. Si não estiverem pela coisa melhor será que passem a comer do pão que o diabo amassou com o rabo.

Quem não trabuca não manduca.

E assim sendo eu a agua mole… hei de bater… bater nem que seja com a cabeça no mundo, já que não me é dado furar… sic.

* Fonte: Texto publicado com o título “Implicancias” na edição de 03 de fevereiro de 1907 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Dois primeiros parágrafo do texto original.

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