EXCURSÃO DAS PROFESSORANDAS DE 1941 A BELO HORIZONTE E RIO DE JANEIRO, A − 1

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Uma excursão em 1941 de algumas alunas da Escola Normal entrou para os anais da educação patense. Foi considerada tão importante que o jornal Folha de Patos acompanhou os passos das professorandas com diversas matérias.

UMA INICIATIVA QUE MERECE APLAUSO E APOIO − 1.º DE JUNHO

As alunas que cursam o 3.º ano normal da nossa Escola, e que constituem a turma de professorandas do corrente ano, estão planejando realizar uma viagem de instrução à capital do Estado.
Já foram tomadas as providências preliminares, devendo o projeto ser executado durante as próximas férias de junho.
Eis aí uma iniciativa feliz. As nossas futuras professoras vão consolidar a cultura geral que adquirem nos livros com as observações e estudos objetivos que as viagens proporcionam.
Em Belo Horizonte terão oportunidade de fazer visitas a estabelecimentos de ensino, institutos técnicos, museus, fábricas e cidades vizinhas, do que deverão colher reais proveitos.
A embaixada será constituída pelas 15 professorandas e mais 5 professoras, inclusive o Diretor da Escola.

A EXCURSÃO DO 3.º ANO NORMAL DA NOSSA ESCOLA A BELO HORIZONTE − 08 DE JUNHO

Deverão seguir para a capital do Estado na próxima quarta-feira, dia 11, as alunas do 3.º ano normal da Escola desta cidade.
Conforme noticiamos no nosso último número, a viagem é de estudos.
Fazemos votos para que seja altamente proveitosa às nossas futuras professoras que assim, vão reunir o útil ao agradável.
Boa viagem!

A PARTIDA DA EMBAIXADA DE NOSSA ESCOLA NORMAL, EM EXCURSÃO ÀS CAPITAIS DA REPÚBLICA E DO ESTADO − 15 DE JUNHO

Sob a direção do competente diretor da Escola Normal − Prof. Aguinaldo Magalhães Alves − partiu, no dia 11 dêste, com destino a Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a caravana da Escola, composta de mais duas professoras, Diva e Ivone Santana, e das professorandas: Alda de Campos Valadares, Clara Borges da Fonseca, Genésia Correia da Silva, Henriqueta Menezes, Iracema de Mendonça Lima, Iracema Souza, Maria Aparecida Neves, Maria Caixeta Mundim, Maria Carmem de Mendonça, Maria da Glória Queiroz, Maria Pierre, Odete Rocha, Ordalina Vieira e Paulina Pôrto Ferreira.
Excursionando pelas duas capitais, visando a museus, laboratórios, escolas apropriadas e aparelhadas, presenciando os grandes progressos da instrução nas sédes irradiadoras, inúmeros serão os proveitos advindos do passeio, que se está realizando graças ao esforço sem desfalecimentos do ilustrado diretor do Estabelecimento.
Ao bota-fóra da embaixada compareceram o sr. Prefeito Municipal, o dr. diretor do Ginásio de Patos, todos os professores da Escola Normal e seu corpo discente e inúmeras pessoas gradas, realizando-se a saìda ao meio-dia, do edifício da Escola Normal, em automóveis até Catiara, gentilmente oferecidos, 2 pelo comércio, um pelo Banco Comércio e Indústria de Minas gerais e outro pelo fôro local.
O maior êxito no grande empreendimento escolar, são os nossos votos.

AS PROFESSORANDAS DE 1941 EM BELO HORIZONTE − 22 DE JUNHO

Segundo notícias que temos recebido constantemente, a viagem de estudos que as alunas do 3.º ano Normal da nossa Escola estão realizando vai correndo muito bem e tem sido, como se esperava, altamente proveitosa.
Na Capital do Estado estiveram demoradamente, por duas vezes, na Escola normal Modêlo, onde foram homenageadas e tomaram parte em jógos esportivos, tendo também percorrido tôdas as divesas seções do notável educandário.
As seções do estudo de ciências e metodologia mereceram especial cuidado de nossas futuras professoras.
Uma visita que lhes foi muito útil é a da Feira Permanente de Amostras, onde estudaram detidamente a seção de produtos do Estado, que é completa e perfeita.
A embaixada teve a honra de ser recebida em Palácio por S. Excia. o Sr. Governador, em visita respeitosa.
Visitou também o Sr. Secretário da Educação e percorreu tôdas as dependências da Imprensa Oficial.
No Cemitério Bomfim, depôs flores sobre o túmulo do ex-Presidente Olegário Maciel, o criador da Escola.
Em significativa homenagem, a que se incorporou toda a colonia patense da Capital, fez cordial visita ao Cel. Osório Maciel e d. Albertina Maciel, no palacete da Av. João Pinheiro, testemunhando aos ilustres patenses a gratidão da Escola pela colaboração de ambos em sua criação e manutenção.
No dia 19, a embaixada chegou ao Rio de Janeiro, onde inúmeras visitas foram feitas pelas nossas conterrâneas que aqui devem chegar na próxima terça-feira, dia 24.
Sabemos que a nossa sociedade lhes prepara ruidosa festa de recepção.

O REGRESSO DAS PROFESSORANDAS DE 1941 − 29 DE JUNHO

Na ruidosa recepção que a nossa sociedade fez às professorandas de 1941, que chegaram a esta cidade quarta-feira, 25, depois da proveitosa excursão a B. Horizonte e Rio, além do discurso de saudação proferido em nome do povo pelo talentoso jovem Sr. Antônio de Mendonça Pinheiro, o Sr. Zama Maciel, em nome do Sr. Prefeito Municipal, dirigiu à embaixada a seguinte saudação […].

FRANCAMENTE VITORIOSA − 29 DE JUNHO

A excursão realizada pelas alunas do 3.º ano Normal da nossa Escola, às capitais do Estado e do país, terminada quarta-feira com o regresso da caravana a esta cidade, alcançou, encarada sob qualquer aspecto, pleno êxito.
A iniciativa das nossas gentís professorandas surgiu, avultou, empolgou e venceu. Realizou-se o sonho. O caminho está aberto para novas e fecundas realizações do gênero. Fecundas e proveitosas porque as nossas futuras professoras receberam lições vivas na viagem que empreenderam. O que viram e sentiram ficou indelevelmente gravado. Não tem o efeito das ilustrações puramente livrescas − imprimiu-se fortemente, vivamente nas suas inteligências moças e jamais se apagará.
Amanhã, no grande amanhã que se lhes abre, entregues ao sublime mister de educadoras, a visão das grandes cidades, o movimento enérgico da vida das metrópoles, o arremesso dos arranha-céus para os altos, a silhueta das chaminés coroadas de fumaça, a evolução do minério de ferro, os completos mostruários dos museus, o traçado das ferrovias galgando empinados enrugamentos, os viadutos ligando acidentes, e o oceano espumante, e majestoso lambendo a areia branca das praias infindas − toda uma idéia real , exata e concreta do mundo em que vivemos − serão assuntos que vão dar interêsse às suas lições, vão encher de vida e de alma as suas aulas. E elas não serão meras repetidoras de teorias e informações, mas saberão despertar o entusiasmo pela vida e estimular as inteligências para as grandes conquistas da humanidade, nesta marcha multi-milenar para o progresso, o bem estar, o conforto, a grandeza.
Folgamos imenso em registrar o êxito absoluto do empreendimento.

Em 06 de julho, o jornal publicou a nota ” Dr. Leopoldo Dias Maciel”: Folha de Patos tem a honra de inserir neste número um artigo de autoria do ilustre conterrâneo Dr. Leopoldo Dias Maciel¹, residente no Rio. Sôbre ser o sempre amigo de sua terra, a cujo desenvolvimento dedica o maior interêsse, é uma das mais fortes expressões de inteligência e cultura de que Patos legitimamente se orgulha. Eis o artigo, de título “Aprender Viajando”:

Durante este mês de junho, o Rio recebeu a visita de centenas e centenas de moças das escolas estaduais, que aqui estiveram, em viagem de estudos e passeio.
Só em um dos hoteis da Capital havia mais de quatrocentas estudantes de S. Paulo.
E não fôra a arrojada empresa do Prof. Aguinaldo Magalhães, trazendo do mais longìnquo sertão, as suas alunas, Minas, que detem quasi um quinto da população do Brasil, teria ficado sem representação, nesse torneio de alta expressão social e cultural.
Está, portanto, de parabens o realizador dessa excursão, que deverá repetir-se todos os anos, no interêsse do ensino e do desenvolvimento intelectual da nossa cidade.
Sem nenhuma duvida, os proveitos dessa viagem, embora demasiado rápida, se farão sentir no espirito dessas jovens que aqui estiveram, e cuja missão é, quer como professoras, quer não, contribuir para o progresso espiritual desse recanto da terra mineira.
E’ vendo que se instrue, é viajando que se vê.
Foi pena que as meninas da Escola Normal não tivessem podido permanecer por mais alguns dias no Rio, deixando, assim, de conhecer mais alguns aspectos da cidade maravilhosa.
E’ necessário que compreendamos melhor o valor dessas excursões, as quais, longe de ser um divertimento banal de moças, têm alta significação sob o ponto de vista educacional.
Cada patense deve concorrer, na medida das suas posses, para que elas se realizem com mais conforto e proveito para aquelas que, ilustrando-se, ilustrarão o meio em que vivem.
A Escola Normal de Patos deve merecer o carinho de todos os homens de boa vontade, pois ninguem desconhece os beneficios que ela tem trazido ao nosso municipio. O modo correto, a disciplina, o desembaraço discreto, com que se apresentaram aqui as suas alunas, são um real testemunho da educação social que ali é ministrada.
Tive o prazer de ouvir do ilustre causídico e homem de sociedade no Rio, sem que êle soubesse que se tratava de meninas de minha terra, elogios á maneira distinta pela qual se apresentaram, em grupo, no nosso Teatro Municipal, para ouvir a um concerto de notável maestro hungaro.
Rio, 23 de junho de 1941.

* 1: Leopoldo Dias Maciel nasceu em Patos sem ainda o “de Minas” no dia 30 de setembro de 1902, filho do coronel Farnese Dias Maciel e de Adelaide Caixeta Maciel. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 05 de janeiro de 1983.

* Compilação de textos: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte e fotos: Jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

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