GÊNESE E A CONSOLIDAÇÃO DO UNIPAM, A

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A criação de uma faculdade na cidade de Patos de Minas era um anseio antigo da população, que se mobilizava seja através do movimento estudantil de ensino médio, seja através das elites políticas locais. Os estudantes, através da entidade que os representava, a UEP-União dos Estudantes Patenses, promoviam passeatas, participação em atos cívicos, enfim, todas as formas de mobilização, conclamando a comunidade a participar da luta em prol da criação de uma instituição de ensino superior para a cidade. O desejo de grande parte dos estudantes era que se criassem cursos de Direito e/ou Engenharia, muitos não queriam uma Faculdade de Filosofia e sabiam que Medicina era inviável, devido ao custo. Centenas de estudantes que concluíam o ensino médio, desde os anos 50 do século passado, em toda a região do Alto Paranaíba – congregando dezenas de cidades – viam-se na contingência de deixar suas cidades rumo a Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Uberlândia, Uberaba, ou simplesmente não prosseguir seus estudos, devido à carência de instituições de ensino superior na região.

Em 24 de maio de 1967 o jornal Folha Diocesana publicou o artigo “A nossa Faculdade de Filosofia”, de autoria do advogado, professor e então Delegado Regional de Ensino, Dácio Pereira da Fonseca, onde sinaliza para a comunidade a importância regional de uma escola superior na cidade:

“É urgente a instalação de uma infra-estrutura intelectual em nosso meio. Somos a capital do Alto Paranaíba, onde o índice cultural é baixíssimo por diversas causas, entre elas a improvisação no magistério secundário e a falta de renovação ou atualização deste mesmo pessoal geralmente recrutado entre elementos formados para o curso primário. […] Neste ano de 1967, só na sede urbana estão matriculadas quase 1400 crianças na 4.ª série. Vinte por cento delas poderão fazer o ginásio. E as outras? As da zona rural, ou das localidades vizinhas ficarão sem escolas? […] Já em 1968, como frisamos acima, só na zona urbana de Patos quase oitenta por cento das crianças não terão vez para o curso ginasial.[…] Já é tempo de nos convencermos que o desenvolvimento material sem progresso intelectual não é desenvolvimento material, pois progresso não é civilização. Que os responsáveis pelos nossos destinos nos ajudem, ou pelo menos não nos atrapalhem na instalação de nossa Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras” […].

Um ano depois, no dia 27 de maio de 1968, o Governador do Estado Israel Pinheiro da Silva, anuncia, em visita a Patos de Minas, a criação da Fundação Universitária de Patos de Minas, sancionada através da Lei n° 4.776/68. Mais tarde, atendendo ao Parecer Federal, que exigia das Fundações uma nomenclatura compatível com as condições a que elas se propunham, pela Lei n° 6.183 de 16 de novembro de 1973, e pelo decreto n° 16.294 de 22 de maio de 1974, ambos assinados pelo então Governador Rondon Pacheco, a denominação passou a Fundação Educacional de Patos de Minas. A questão é que a Fundação, então criada, não possuía estrutura de universidade, apenas de uma Fundação mantenedora de uma única Faculdade.

O biênio 1968-1970 foi movimentadíssimo, o circuito Patos de Minas-Belo Horizonte, uma verdadeira cruzada para a inauguração da Faculdade. Em 06 de julho de 1968, acontece uma Assembléia Geral, denominada de “Assembléia da Comunidade do Alto Paranaíba”, com o objetivo de instalar a Fundação Educacional e angariar fundos necessários à sua sobrevivência. A ela, compareceram 144 pessoas. Nesta ocasião, registraram-se as seguintes doações financeiras para constituição de um fundo destinado a manter a Fundação: Os Irmãos Maristas e a Diocese fizeram doações de 16.000 m² de terreno onde será erguido o prédio da primeira faculdade. O referido terreno está localizado na rua Major Gote defronte ao Parque do Colégio Nossa Senhora de Fátima. O Irmão Paulo Egídio colocou à disposição da Fundação por um prazo de 10 anos, oito salas do estabelecimento acima citado. Outras doações: Filomena de Macedo Melo, Dr. Waldemar Antônio Mendes, Terezinha de Deus Fonseca, Dr. João Borges, Associação dos Professores de Patos de Minas e Pró-Patos, NCr$ 100,00 cada um.

Em 29 de novembro de 1968 é empossado o primeiro Conselho Curador da Fundação Educacional, formado por Durval Antônio Pereira, Irmão Paulo Egídio de Azevedo e Maria da Penha de Castro Olivieri, sendo o primeiro, seu Presidente. Os conselheiros suplentes: Dom Jorge Scarso, Antônio Vieira Caixeta e Anávio Braz de Queiroz. Durval Antônio Pereira, professor da UFMG, patense e primeiro presidente do Conselho de Curadores da FEPAM, escreveu: “No 2° semestre de 1968 recebi em minha casa os amigos Leopoldo Porto e Waldemar Mendes. No exercício temporário de mandato de deputado estadual, Leopoldo apresentou um projeto de lei na Assembléia, criando a Fundação Educacional de Patos de Minas, tendo sido aprovado e depois sancionado pelo Governador Israel Pinheiro”

Durval relata que seus conterrâneos citados fizeram insistentes apelos para que ele assumisse a coordenação dos trabalhos de criação de fato, instalasse a Fundação e, posteriormente, coordenasse também os trabalhos da criação da Faculdade. Posteriormente, ele foi nomeado pelo governador do Estado de Minas Gerais para coordenar os Atos Constitutivos da Fundação Universitária. Depois de muita insistência, Durval assumiu o compromisso com os colegas. Existia, na cidade, uma divergência entre dois grupos para a criação da Faculdade. Um grupo liderado por Leopoldo Porto (suplente de deputado estadual) e outro liderado pelo Padre e Professor Almir Neves de Medeiros, além da Professora Maria da Penha Olivieri. Durval assinalou que sua primeira empreitada seria convencer os dois grupos da necessidade de uma convergência de posições no sentido de beneficiar primeiro a cidade e saiu-se bem sucedido em sua missão “diplomática”: “Antes mesmo de ir a Patos, soube da existência de um movimento liderado pelo saudoso padre Almir e pela Professora Maria da Penha Olivieri trabalhando pela criação de uma Faculdade de Filosofia subordinada à Faculdade Católica de Belo Horizonte. […] As dificuldades seriam enormes e o que menos se poderia desejar naquele instante era uma divisão de forças”.

Durval salienta que sabia das divergências dos grupos políticos na cidade, oriundos do PSD e UDN, e teria que romper com esses limites. Assim, era necessário acomodar as dimensões endógenas e visualizar uma conquista que fosse para toda a região. Para tanto, criou-se uma Assembléia Geral na cidade composta por dezenas de pessoas, das mais diversas origens, que passaram a fazer doações – livros, doações financeiras, até terrenos – e também mobilizando recursos do poder público municipal e estadual: “Conversei com os integrantes dos dois grupos e procurei mostrar-lhes que a cidade ganharia muito mais com um ensino superior independente, autônomo e sem fins lucrativos. Graças a Deus o bom senso prevaleceu. Foi a primeira grande vitória do movimento: a união de todos em busca de um único objetivo”.

Embora a FEPAM seja instituída em 1968, só em 1970 o Conselho Estadual de Educação aprovou o Parecer n.º 19/70, de 17.03.1970. A imprensa local, assim noticiou a vinda da Faculdade: “Contra os pessimistas que gritam alto e envenenam, muitas vezes, o otimismo sadio daqueles que se preocupam com o bem comum e lutam pelo progresso da cidade, consta que a faculdade de Filosofia funcionará ainda este ano. […] O prédio do Colégio Nossa Senhora de Fátima, cedido para o funcionamento da faculdade, foi através do estudo da documentação apresentada, considerado em excelentes condições. […] A quinze de fevereiro próximo haverá reunião do Conselho Estadual de Educação para a aprovação da Faculdade. Do resultado que cremos positivo e com boas razões, que deverá sair a esperada aprovação da nossa Faculdade”

Como se depreende, a imprensa local, através do artigo “A Faculdade está aí”, comemora antecipadamente, a aprovação do Parecer do Conselho Estadual de Educação, que veio, realmente, a ser concretizada em 17 de março de 1970. O Presidente Emílio Garrastazu Médici, através do Decreto n° 66.443 – de 14 de abril de 1970, autoriza o funcionamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas. Waldemar Antônio Mendes, conselheiro da FEPAM, no artigo intitulado “A Faculdade Chegou”, publicado no Jornal dos Municípios em 24 de abril de 1970 faz os seguintes agradecimentos: […] “Leopoldo da Silva Porto, que não poderá de modo nenhum ser pessoa esquecida quando se falar em Faculdade de Patos de Minas. […] Os irmãos Maristas, sem eles, não tínhamos condições de botar em funcionamento qualquer Faculdade no momento, a eles nosso muito obrigado”.

Entre o Parecer favorável do Conselho Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais e a Autorização de Funcionamento, assinada também pelo então Ministro da Educação, Jarbas Passarinho, percebe-se uma agilidade incrível de apenas 29 dias, ou seja, uma expressiva aceleração no processo de aprovação da faculdade de Patos de Minas. Tal rapidez não se verifica depois, pois a segunda faculdade só será aprovada quase vinte anos mais tarde, a Faculdade de Administração. A população comemorou, entusiasticamente, a inauguração: “Está marcada a inauguração da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas, para o próximo dia 16, quando a nossa comunidade verá coroada de êxito, todo seu esforço na luta por esta realização. Sem dúvida, será um grande acontecimento para esta região do Alto Paranaíba. Para a comemoração deste dia está marcado o seguinte programa: às 9 horas, haverá o trote para os neo-universitários, às 11 horas, pelas principais ruas de nossa cidade, seguirá o grande desfile estudantil” […].

No artigo intitulado “Faculdade se movimenta”, publicado no Jornal Folha Patense, em 07 de maio de 1970, fica patente a euforia dos “neo-universitários” e da população em geral, com o início das atividades da Faculdade. O dia 16 de maio, data da primeira aula, veio, mais tarde, dar nome ao Diretório Acadêmico, Diretório Acadêmico 16 de Maio, tal a importância histórica atribuída pelos estudantes a esta data. Na matéria publicada pelo Jornal Folha Diocesana, observa-se a evidente satisfação do povo patense por aquele ato. Era grande o contentamento dos patenses pelo acontecimento. Sem dúvida era o desabrochar de uma nova esperança. Dr. Dirceu Deocleciano Pacheco, fala com entusiasmo e júbilo de ter sido chamado por Leopoldo Porto e Durval Antônio Pereira, para participar do grupo de trabalho que seria responsável pela implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras: “Confesso que, honrado com o chamamento, jamais poderia imaginar que Deus estivesse me concedendo o privilégio e a honra de integrar-me ao maior projeto até hoje implantado em nossa querida Patos de Minas.

A descrição de Dr. Dirceu, personagem que desde a criação da Fundação esteve à frente do Conselho Fiscal ou do Conselho de Curadores, é reveladora da importância que ele atribui ao projeto de criação e ampliação da faculdade. Certamente, ele expressa o pensamento majoritário das elites políticas locais. Assim, como também é interessante observar a vinculação da concepção religiosa, tão impregnada, nestes segmentos da cidade. Ele é implacável em considerar que se tratava do “[…] maior projeto até hoje (2001, na época) implantado em nossa querida Patos de Minas”. Ou seja, o valor intelectual, moral, religioso, social e civilizatório estão presentes de forma bem patente no discurso do conselheiro. Mais que qualquer dimensão de políticas públicas, de investimentos em agroindústrias, criação de empresas prestadoras de serviços, estabelecimentos de saúde, nada seria tão significativo para Patos de Minas, que a implantação da Faculdade, e o conseqüente sonho de se atingir ao patamar de universidade. Isso nos revela, ao mesmo tempo, uma concepção filosófica e também uma determinação política. Até a construção do prédio próprio, a Faculdade funcionou nas instalações do Colégio Marista, do Colégio Nossa Senhora das Graças e do Colégio Fonseca Rodrigues. Em 30 de maio de 1972, o Diretor Altamir Pereira da Fonseca mantém entendimentos com o Sr. Prefeito Dr. Sebastião Silvério, no sentido de que, seja comprado e doado pela prefeitura, um terreno apropriado para a construção do prédio da Faculdade. O Presidente da Fundação mostra-se preocupado com o levantamento de dados e com a preparação para o conhecimento dos cinco cursos da Faculdade. O Prefeito Municipal, Dr. Sebastião Silvério de Faria, doou o terreno onde foi edificada, na década de 1970, a Faculdade de Filosofia, onde funciona o atual Campus do UNIPAM.

A imprensa patense alertou a comunidade da necessidade de um prédio próprio para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. A Fundação Universitária, que dirige a nossa faculdade, continua, no entanto, a lutar contra um problema muito sério. O prédio precisa ser construído o quanto antes. O Colégio dos Maristas, em que pese a boa vontade de seus responsáveis, em tê-lo cedido para o início das atividades de nossa faculdade, já não oferece as mínimas condições necessárias para o perfeito funcionamento de todas as dependências de uma faculdade que parte para o seu terceiro ano de existência. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas emerge com os cursos de Letras, Pedagogia, Ciências e Matemática.

Já em 1972, o Conselho de Curadores discutia a criação de novos cursos. O Conselheiro Dirceu Pacheco faz uma explanação sobre a criação de nova faculdade e recomenda que se leve em conta a necessidade do mercado de trabalho. Houve várias manifestações sobre o assunto. No entanto, a criação de uma nova Faculdade fica para ser decidida, posteriormente, dentre as seguintes: Faculdade de Administração, de Agronomia ou Faculdade de Odontologia. Em dezembro de 1973, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras entrega suas primeiras turmas de licenciados: “Hoje tem início as solenidades de formatura da primeira turma de licenciados pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas nos seus diversos cursos. Programa: A programação elaborada é a seguinte: hoje, às 18,30 horas, Culto Evangélico, na Igreja Presbiteriana, tendo como pregador o licenciando Ver. Gesse Chagas. Amanhã, às 18,30 horas, missa em ação de graças na Igreja Catedral de Santo Antônio, oficiada por S. Ex. Revm. D. Jorge Scarso e, às 20 horas, no auditório do Cine Riviera, Colação de Grau. No dia 15, às 22 horas, baile de gala no Patos Social Clube, com convite especial e traje a rigor. Homenagens: É paraninfo da primeira turma de Licenciatura o Deputado Jorge Vargas e são homenageados especiais D. Jorge Scarso, Congregação dos Irmãos Maristas, Leopoldo da Silva Porto, Dr. Sebastião Silvério de Faria, Dr. Waldemar Rocha Filho, Ir. Geraldo Feliciano de Macedo, Deputado Sebastião Alves do Nascimento, Reverendo Oadi Salum, Dr. Waldemar Antônio Mendes e Prof.ª Rosa Emília de Araújo Mendes. Postumamente são homenageados o Governador Israel Pinheiro da Silva e o Professor Dr. Ailton Pedro de Barros, e os funcionários da Faculdade receberam a homenagem administrativa. Formandos: Nos seus diversos cursos são 176 formandos, assim distribuídos: no curso de História, 37 licenciandos; no curso de Matemática, 36 licenciandos; no de Letras, 33 licenciandos; no de Ciências Biológicas, 34 licenciandos e no de Pedagogia 36 licenciandos. O orador escolhido para a despedida foi o licenciando João Marcos Pacheco, do Curso de Ciências Biológicas”. (Jornal Folha Diocesana, 13/12/1973).

Em 1974, a comunidade já cobrava novos cursos superiores para Patos de Minas: “[…] Se apenas uma faculdade, a de Filosofia, Ciências e Letras deus um movimento expressivo à cidade, aumentando o movimento dos hotéis e até mesmo das linhas de ônibus, o que se pensar numa Universidade, com várias Faculdades e todo um elenco de cursos superiores? […]”. (Jornal Folha Diocesana, 31/01/1974).

O ano de 1974 é marcado ainda pelo lançamento da pedra fundamental do prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras: “Hoje, com grandes solenidades, às 16 horas, a Fundação Educacional de Patos de Minas fará o lançamento da pedra fundamental do primeiro prédio da sua unidade escolar, que é a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas. Como se sabe, a Fundação possui um amplo terreno com 90.000m² no Alto do Caiçaras, onde, mais tarde, funcionará o seu campus. Ali que deverá ser construído o primeiro prédio da entidade. Para tal, o serviço de terraplanagem já se encontra pronto e toda a área a ser utilizada também cercada. A Fundação já fez construir um barracão para guarda de material de construção, bem como alojamento para vigias da construção. Presenças: Deverão estar presentes às solenidades, além do Presidente da Fundação, prof. Durval Antônio Pereira, membros Curadores da Fundação, Professores e alunos, todas as autoridades do Município e grande número de convidados. Na oportunidade deverá falar o prof. Altamir Pereira da Fonseca, Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e um dos maiores batalhadores para a concretização desta realidade. A construção: Naquele local deverá ser construído um moderno e muito funcional edifício, possuindo todas as características e todos os requisitos para uma Escola de Curso Superior dentro dos mais altos padrões da técnica educacional hodierna. A planta foi elaborada por engenheiro especializado em prédios escolares e o edifício terá dois pavimentos, com linhas arrojadas e bastante modernas. A obra está em cerca de um milhão de cruzeiros. A Fundação está procurando financiar parte das obras. Entre os benefícios, já se conseguiu que a Fundação fosse considerada como entidade filantrópica, o que muito vem ajudar, principalmente pela isenção da parte patronal referente ao INPS. (Jornal Folha Diocesana, 31/01/1974).

Há pouco mais de um ano depois, era inaugurada, pelo então governador do Estado, Aureliano Chaves, a sede própria da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras: “No dia 23, às 17,30 horas deu-se a solenidade de inauguração da sede própria da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas, pelo Governador Aureliano Chaves. Estavam presentes todas as nossas mais altas autoridades locais, bem como toda a Comitiva do Governador Aureliano Chaves, professores da FaFiPa, alunos, funcionários e representantes de toda comunidade patense. (Jornal Folha Diocesana, 29/05/1975).

Em seu discurso, durante a solenidade de inauguração, o diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, professor Altamir Pereira da Fonseca, mostrou dados estatísticos que nos leva a perceber a grandeza desta escola para a região: “[…]Havia em 1970, ano em que iniciaram as atividades da nossa Escola, apenas três professores graduados por Faculdade de Filosofia em nossa cidade. Por esta Instituição já se graduaram 342 professores. Os diversos colégios da cidade lecionam atualmente 85 professores licenciados por nosso estabelecimento, o que corresponde a 34,9% do Corpo Docente do antigo nível médio. Somam-se a este número mais 70 alunos, da faculdade, que militam no magistério em nossa terra. Aqui estudam alunos de 22 outros municípios: Arapuá, Araxá, Barreiro Grande, Campos Altos, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Guimarânia, Ibiá, João Pinheiro, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Paracatu, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Serra do Salitre, Tiros, Unaí e Vazante. O nosso corpo discente é constituído de 753 alunos para uma população regional de 462793 habitantes conforme dados oficiais do recenseamento de 1970 […]”. (Jornal Folha Diocesana, 05/06/1975).

O ano de 1975 é marcado ainda pela regulamentação dos cinco cursos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. O Jornal Folha Diocesana, de 11 de dezembro de 1975, traz uma matéria que narra minuciosamente a conquista para o ensino superior de Patos de Minas: “A notícia chegou e toda a cidade se alegrou. Todos os cursos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas foram reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação […]”. Em 21 de dezembro, o prof. Durval encaminha ao Conselho uma correspondência falando sobre a criação de novos cursos. O Conselho discute o assunto e manifesta-se pela montagem dos processos de criação dos cursos de Administração de Empresas e Ciências Contábeis, cujo trabalho deverá ficar a cargo do prof. José Muriel, especialista em ensino superior.

O jornalista patense, Oswaldo Amorim, no final de 1975, já articulava em seus artigos publicados nos jornais da cidade, Patos de Minas como um pólo educacional e vislumbrava a criação de mais cursos e faculdades. No artigo “Patos: Pólo Educacional”, de 25 de dezembro de 1975, o patense desvairado, como gostava de ser chamado, já traçava o futuro do ensino superior em Patos de Minas. Em 1976, encontramos nova referência sobre a criação do novo curso, que também projeta a cidade de forma ufanista: “Em 14 de agosto, sob a presidência de Dr. Waldemar da Rocha Filho, reúne-se o Conselho para rediscutir a criação dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, especialmente agora que foram descobertas extraordinárias jazidas de Fosfato em nosso município, o que, sem dúvida alguma, projetará Patos de Minas, como pólo do Alto Paranaíba, considerando também, a riqueza de seu subsolo”.

Os anos de 1975 e 1976 foram considerados anos importantes para o crescimento econômico, social e cultural da cidade. Encontrou-se, num distrito da cidade, uma mina de fosfato que, segundo se especulava na época, tratava-se da maior mina de fosfato do planeta, o que abriu uma enorme expectativa e euforia na cidade, um certo “milagre econômico” anacrônico perpetuara na cidade, acompanhado da consolidação – reconhecimento – de todos os cursos superiores da faculdade. Compatível com a aura de prosperidade e progresso, criada pela imprensa e pelo discurso das elites políticas locais, o reconhecimento dos cursos da FAFIPA veio coroar o espírito de otimismo que pairava na cidade em meados da década de 1970.

Hoje, 40 anos após a criação da Fundação Educacional de Patos de Minas, num processo contínuo de expansão e diversificação, novos cursos foram surgindo e atualmente a FEPAM conta com 27 cursos de graduação, abrigados nas cinco unidades existentes: a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Faculdade de Ciências Administrativas, a Faculdade de Direito, a Faculdade de Ciências da Saúde e a Faculdade de Ciências Agrárias, todas funcionando em prédios próprios. O Centro Universitário de Patos de Minas conta com 5.065 alunos nos cursos de graduação e com 145 alunos nos cursos de pós-graduação.  O Centro Universitário de Patos de Minas foi credenciado na forma do Decreto Estadual nº 41.744, de 06 de julho de 2001. Sua instalação, com a posse de seus dirigentes, se deu em sessão solene realizada no dia 18 de agosto de 2001.  As demandas de um Centro Universitário e as possibilidades criadas a partir delas, em especial a autonomia, trouxeram novos rumos para a educação em Patos de Minas e região.

* Fonte: A Gênese e a Consolidação do Centro Universitário de Patos de Minas/MG − UNIPAM (1968-1975), de Regina Macedo Boaventura. Dissertação apresentada a Banca Examinadora do Curso de Mestrado em Educação Superior do Centro            Universitário do Triângulo – UNITRI, sob a orientação do Professor Dr. José Carlos de Souza Araújo (2008).

* Foto 1: Janes Gonçalves Guimarães, revelação digital do negativo de Laís Álvares Pacheco sob coordenação de Geenes Alves (DIMEP), publicada em 01/12/2017 com o título “Construção da Faculdade de Filosofia em 1973 − 1”.

* Foto 2: Janes Gonçalves Guimarães, revelação digital do negativo de Laís Álvares Pacheco sob coordenação de Geenes Alves (DIMEP), publicada em 12/10/2018 com o título “Construção da Faculdade de Filosofia em 1973 − 2”.

* Foto 3: De “A Gênese e a Consolidação do Centro Universitário de Patos de Minas/MG − UNIPAM (1968-1975)”, de Regina Macedo Boaventura, publicada em 17/12/2019 com o título “Fafipa no Ano da Inauguração”.

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