MOVIMENTO PROPATOS

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Em 1965 estávamos em plena efervescência da nova sistemática do Governo no Brasil, após os militares assumirem o poder com a deposição do Presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Foi justamente neste período que em Patos de Minas surgiu o movimento Propatos, constituído dos jovens Arlindo Porto Neto, Antônio do Valle Ramos, Manoel Mendes Nascimento (Pompéia), Donaldo Amaro Teixeira, Tomaz de Aquino Vaz Borges, Mário Teixeira de Morais, Geraldo Queiroz Alves (Ju), Waldir Ribeiro de Amorim (Dila), Valter Marins, Rafael Borges de Andrade, Henrique Borges de Andrade e Jurandir Gomes Ferreira, liderado pelo Padre Almir Neves de Medeiros, Dr. Mário da Fonseca Filho e Prof. Sebastião Pereira.

O Propatos propunha: “O Propatos é um movimento jovem a favor de Patos e visa a promover comunidade. Propõe-se portanto combater tudo aquilo que atravanca o progresso, desmerece a cidade, condena-nos à posição de inferioridade e nos isola. Não nos esmoreceremos no combate sério, honesto, desapaixonado à politicagem improdutiva, ao individualismo inoperante, ao separatismo ineficaz, a criminalidade impune, a falta de planejamento administrativo, a comercialização do ensino, e outros problemas que afligem a cidade centenária”.

Aos domingos, principalmente após a missa das 10 horas, à porta da Catedral, iniciavam a distribuição do boletim semanal à população, apresentando as suas proposições e os seus ideais. O movimento foi tomando tal vulto, que começou a preocupar o DOPS. E elementos do grupo passaram a ser acompanhados, vigiados e interrogados. A coação era constante. Durante este período crítico os fundadores do Propatos tiveram Humberto Vinhal agregado às suas fileiras. Tal a interferência contínua do DOPS, a turma, depois de vários anos de trabalho efetivo e com plena aceitação popular, começou a dispersar, para não se envolver em complicações que não atingiam os seus objetivos. E, assim, o Propatos acabou sendo mais um marco vivo de atuação na vida político-social de Patos de Minas.

A edição de 25 de dezembro de 1968 do Jornal dos Municípios publicou uma matéria a respeito do movimento:

Mais um movimento? Sim. Porém, diferente. Compõe-se apenas de jovens patenses e surgiu espontaneamente, sem injunções de qualquer ordem. Um grupo de rapazes sentiu a necessidade de conjugar esforços e polarizar energias em torno de um ideal: promover a cidade. Daí, Propatos.

Um ideal positivo, abraçados por moços resolutos. Muitas vezes, torna-se necessário destruir, para, em seguida, erguer um novo edifício. Portanto, os componentes do Propatos propõem-se combater tudo aquilo que possa impedir o crescimento da Comuna.

Movimento independente – Não se filia a nenhuma das correntes políticas dominantes. Antes, condenará sempre a política partidária, sinônimo de veleidades pessoais; tradução de mesquinhos e inconfessáveis interesses eleitorais e de nepotismo deslavado.

Movimento consciente – Compõe-se não de criançolas a brincar de soltar folhetins. Os que nele ingressaram, antes de tudo, conheciam o que queriam e, com deliberação, houveram por bem tomar posição definida diante de problemas que teimam, por falta de solução, em afligir a comunidade.

Movimento duradouro – Certos de que nossos males vêm de longa data e estão profundamente arraigados nas mentes conservadoras de inúmeros “chefes”, sabemos que a luta não durará apenas um dia.

Continuará enquanto não se concretizar a vitória.

Ela só se efetivará, quando a maioria dos patenses se mostrar convicta de que a cidade somos nós e não eles, a defenderem teimosamente os privilégios e posições estratificadas.

Movimento confiante – Os que nada esperam da vida, porque se deixam ficar nas esquinas, estiolando-se em críticas sem endereço e sem objetivo, estes descrêem dela e tacham de inútil nossa campanha.

Não nos assustam o pio das aves agoureiras. Seu canto de desalento servir-nos-á de estímulo, a fim de que se componha a sinfonia de progresso e de trabalho construtivo, nessa dadivosa, contudo abandonada terra patense.

Movimento democrático – Não vai aqui, simples declaração, para que nos situemos favoravelmente ao lado dos que condenam a subversão. Rejeitamos a violência, por inútil. O vendaval deixa após si, a destruição, a morte, as ruínas. Queremos construir, erguer uma cidade próspera, na qual, todos os cidadãos gozem do bem estar social. Cremos na liberdade de reunião. Havemos de valer-nos da liberdade de pensamento e de expressão, princípios consagrados na Constituição brasileira.

Movimento a favor – O lamento a pouco aproveita. Despertará, quem sabe, piedade. Resolvemos sair de uma situação de queixumes estéreis e partir para uma atitude concreta: agir. Trabalhar porque a cidade precisa de nós. Precisa de nosso inconformismo e de nossa atuação no combate cerrado à inércia. Trabalhar para que a cidade tenha água potável, comunicação fácil e abundante, escolas à altura de seu progresso, imprensa livre e atuante, novos mercados de trabalho, mais templos, mais virtude e menos crime.

Isto é Propatos – Nós o convidamos, patense, a batalhar conosco, pois essa é a sua causa, a causa de sua cidade. Urge que a cidade tome consciência do abandono a que foi relegada durante tantos anos. Urge que todas as entidades representativas façam coro conosco. Gritemos aos quatro ventos que a cidade não pode parar. Apontemos a condenação pública os que impedem a caminhada do Município. Reconheçam todos nosso direito ao progresso.

Propatos – Um movimento jovem em prol de Patos de Minas.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fontes: Jornal dos Municípios, do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam; Patos de Minas Centenária, de Oliveira Mello.

* Foto: Assinaturas dos membros do Propatos, de Patos de Minas Centenária, de Oliveira Mello.

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