PAZOLIANA − CAPÍTULO 5: OS DEUSES SE APRESENTAM

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

“Numa época de tecnologia avançada, o maior perigo para as ideias, para a cultura e para o espírito pode mais facilmente vir de um inimigo sorridente que de um adversário que inspira o terror e o ódio”. (Aldous Huxley − 1894-1963)

Onze e meia da manhã de uma terça-feira amena, 05 de março de 1974. No dia anterior, houve um grande evento que gerou opiniões positivas e negativas ao mesmo tempo: a inauguração da ponte Rio – Niterói. Lá para as bandas das montanhas, ao contrário de Vila do Córrego Dobrado, o tempo em Pico da Glória estava mais para sol do que para chuva. A Rádio Clube estava pronta para colocar no ar o programa de maior audiência, o seu noticiário de todas as manhãs. Sobre a inauguração da ponte Rio – Niterói, o assunto fora destaque ontem. Com os ouvidos grudados no rádio, os altos escalões da Diocese esperavam com ansiedade. Foi que nem uma bomba caindo por cima de suas cabeças. De acordo com o programa, houve um acontecimento sinistro em Vila do Córrego Dobrado. Na noite chuvosa e escura de sábado para domingo, era opinião de toda a população que um feixe de luz resplandecente cruzou os céus da localidade. A claridade foi tão intensa que iluminou toda a vila como se fosse dia de sol escaldante. O pavor se apoderou de todos. Aqueles que estavam nas ruas saíram batendo cabeças uns com os outros. Os que estavam nas casas, ou se escondiam debaixo da cama ou se juntavam ao povo em correria. No meio daquela turba, o padre do local, de nome Alaor, se ajoelhou e começou a rezar. Com as mãos estendidas ao ar gritava a plenos pulmões que Deus estava enviando um aviso através daquele fenômeno. Houve uma grande explosão. A claridade se foi e todas as luzes da Vila se apagaram por uns eternizantes dez minutos. Quando a luz voltou, a cena que se viu foi emocionante. Praticamente toda a população estava ajoelhada, rezando, implorando perdão por seus pecados. Um rapaz de dezoito anos foi acometido de um estado febril que o médico não conseguiu reverter. No meio da multidão que rezava, surgiu um ser misterioso como nunca havia sido visto no mundo, todo prateado, envolto por luzes que ofuscavam os olhos. Curou o menino e colocou um colar com uma bolinha fosforescente no pescoço do pai do rapaz. Durante todo o domingo a Vila viveu uma paz tremenda. O Padre Alaor tentava explicar aos fiéis que a luminosidade fora causada pela queda de um meteoro, e que este fenômeno era um aviso de Deus, mas que ainda não conseguira decifrar o aviso divino. Recomendou que todos voltassem às suas casas e que, brevemente, ele teria em mãos a resposta do porque Deus havia enviado aquele meteoro. Para Padre Alaor, a queda de um meteoro na Vila foi um acontecimento fora do normal. Como os meteoros foram criados por Deus, seria lógico se imaginar que uma obra de Deus tivesse caído sobre a Vila como um aviso. Que aviso seria, ele, Padre Alaor, tentaria descobrir para repassar aos fiéis.

Bispo Ednando fez de tudo para não acreditar no que tinha acabado de ouvir. Ao seu lado, diáconos e padres olhavam-no estupefatos. O bispo foi o primeiro a se posicionar:

– Senhores, eis aí o que o Padre Alaor nos arranjou. Pelo amor de Deus, que baita confusão, aonde isso tudo poderá chegar?

– Não acredito que tenha sido ele o principal responsável por esta confusão – disse um padre. Tudo bem que o tal do aviso de Deus foi o fósforo aceso no estopim. Se a coisa tivesse ficado por lá, confinado nos confins daquela Vila, muito logo tudo seria esquecido.

– Muito bem, certíssimo – ponderou o bispo. Se tudo tivesse ficado lá nos confins daquela Vila não tínhamos ouvido o que ouvimos agora. Acontece, meus prezados, que a coisa não foi tão simples assim, como todos já sabem. E se o padre não tivesse tocado no assunto do aviso, quem sabe a catinga teria sido menor. E se a rádio não tivesse noticiado, aí seria o paraíso. Mas eis que a rádio sensacionalizou legal e a coisa pode ficar preta.

– Quando este bafafá chegar ao Vaticano a coisa vai feder – comentou outro padre.

– O que podemos fazer? – perguntou um diácono.

– Prezados, de acordo com os dados confidenciais da NASA, nós sabemos bem o que realmente aconteceu lá pras bandas daquele lugarejo. Estamos numa sinuca de bico. Qual seria a melhor tática a ser usada? Deixar o povo acreditar que foi realmente uma visita de Deus e transformar a Vila num novo local de peregrinação? O Papa já nos mandou o recado de que não quer isso de jeito nenhum. Temos que tentar convencer a todos, principalmente a imprensa, que foi mesmo a queda de um meteoro que explodiu antes de tocar o solo e por isso não há vestígios. Mas e quanto ao que o povo fala, coisa que a rádio fez questão de enfatizar? A quem recorreríamos para vender este peixe indigesto?

– Aos soviéticos?

– Por que aos soviéticos se já estamos recebendo informações confidenciais da NASA?

– Acredito que com os soviéticos teríamos maior aceitação quanto a uma possível estratégia para ratificar a queda do meteoro ou de um objeto qualquer. Não se esqueça do crescimento vertiginoso do movimento evangélico nos EUA. O projeto espacial soviético poderia nos ser de grande ajuda. A Igreja Católica Soviética não tem certa influência em setores chaves do governo de lá? Pois então! Que o Papa os convoque para nos criar um álibi.

– Interessante. Estamos para receber novas informações da NASA. Enquanto isso poderemos conseguir com os soviéticos uma notícia que corra o mundo a respeito do fenômeno da Vila do Córrego Dobrado. Que tal um satélite desativado deles cingindo o espaço e caindo naquele local? O Padre Júlio entende desse assunto e poderia nos dizer se a ideia é viável.

– Muito viável. Pelo que sei, desde 1957 lançamos objetos ao espaço. Cada lançamento deixa um rastro de rejeitos que, se não cai de volta no planeta, geralmente no mar, vira lixo espacial. E já temos muito desse lixo lá em cima. Todo esse lixo em órbita da Terra representa um perigo para nós aqui embaixo. Não é raro que um deles caia sobre a Terra. Quando isso acontece, geralmente se autodestroem ao entrar na atmosfera mais densa. Eles se queimam com a fricção. Quando o objeto é muito grande, ele não se queima totalmente, e na queda é nítida a visão de uma bola de fogo caindo com aquele risco luminoso característico.

– Mas como vamos explicar o grande clarão e o apagão de luzes da cidade? – ponderou o bispo.

– Quando o objeto chega à terra, geralmente causa uma explosão, dependendo do tamanho do objeto, e uma grande luminosidade. Talvez a explosão pudesse interferir momentaneamente no circuito de distribuição de eletricidade daquela vila que, acredito, não seja dos mais modernos.

– Ótimo, ótimo. Mas como vamos corroborar esta ideia? Como consequência da explosão fatalmente surgiria uma grande cratera no local. E lá não tem cratera alguma que justifique esta explosão.

– Bem lembrado, Bispo, bem lembrado. Podemos alardear que o objeto explodiu antes de chegar ao solo sem deixar vestígios, nem na vegetação. Acredito que os soviéticos encontrarão as explicações técnicas convincentes.

– Excelente, mas só até esta parte.

– Algum problema?

– Ora, ora, ora, meus prezados, há um enorme problema, um terrível problema que a mente privilegiada de vocês não atentaram. Como vamos explicar o reverso da situação, isto é, que a mesma luz que desceu logo depois subiu?

Este questionamento provocou um longo silêncio na sala de reuniões, pois ninguém tinha a mínima ideia de como contorná-lo. O Bispo tratou de acalmar a turba:

– Nós somos religiosos e não técnicos. O Papa que decida o que fazer a este respeito e não esqueçamos de avisar o Padre Alaor.

A reunião foi longa. Outras sugestões foram alentadas. Ficou decidido sobre a remessa de um relatório ao Vaticano e esperar a resposta para os devidos procedimentos. Durante toda a semana não se falou em outro assunto em Vila do Córrego Dobrado. Todos os acontecimentos relacionados ao clarão corriam de boca em boca. Não tanto quanto a Vila, também a sede Pico da Glória e outros distritos, além de municípios vizinhos, já alardeavam os fatos. Padre Alaor, que já era franzino, deve ter emagrecido uns bons quilos tamanha foi a sua andança pela cidade com o intuito de convencer os fiéis de que o fenômeno fora realmente a queda de um meteoro e que faria tudo para decifrar o que Deus queria dizer com aquilo. O Bispo avisara que os soviéticos não estavam muito a fim de criarem uma versão oficial para o fato porque os americanos poderiam contestar. Por falar nos americanos, o Vaticano recebera uma recomendação para deixar a coisa como está, isto é, sem tentativas para explicar o que foi o fenômeno. Acreditam eles que muito rapidamente o povo esqueceria e a vida voltaria ao seu cotidiano tradicional. A prioridade era continuar monitorando a movimentação lá nas bandas do espaço.

Sete dias após o grande fenômeno, 12 de março de 1974. Na Vila, a família Mantiqueira estava reunida na sala assistindo TV numa potente Telefunken. Era um de seus prazeres preferidos, mesmo a imagem em preto e branco do único canal que lá chegava, TV Itacolomi de Belo Horizonte, não sendo das melhores. Na tela, Eva Wilma e Carlos Zara esbanjavam charme na novela A Barba Azul, de Ivany Ribeiro. De repente, Mabélia deu um alarme:

– Arnaldo, o colar, olha, a bolinha azul está brilhando.

– Arnaldo segurou a bolinha azul com as duas mãos, fixou o olhar na luz tênue que dela irradiava, levantou-se abruptamente e saiu em disparada em direção à baia do garanhão. Todos lhe seguiram sobressaltados, mas não aparentando preocupação. Sereno, Januário dizia: papai vai se encontrar com Deus. Com o animal selado, num impulso incompreensível Arnaldo se afastou das luzes da cidade e rumou a galope para fora da Vila em direção ao local onde havia acontecido o fenômeno da claridade. A esposa e os três filhos o acompanharam com o olhar até que sumiu no breu. Sem compreender o porquê, ele se lembrava perfeitamente do local onde avistara o grande clarão. Como se fosse um dia radiante de sol, homem e animal varavam a noite na certeza de que estavam no caminho certo. O solo estava por demais encharcado, escorregadio, e seu garanhão mostrava-se renitente a cavalgar por determinadas picadas. Ao longe, a floresta se mostrava como uma enorme mancha negra. No céu, algumas estrelas conseguiam se desviar das esparsas nuvens e apareciam reluzentes. O silêncio da noite era incomodado pelos ruídos sinistros de quatro patas vagando pelo solo enlameado. Num momento, o cavalo deu um bufido sinistro e estancou a marcha. Parecia assustado, mexia as orelhas continuadamente e a cauda movia-se insistentemente. Tentou, mas não conseguiu fazer o animal se movimentar. Sua inquietação foi aumentando até que resolveu sair em disparada. Puxou o freio ao extremo e não conseguia suster a carreira do animal. Corridos uns cem metros, ele refreou de repente. Por pouco não jogou o cavaleiro ao chão. Ficou estático, suando em cascata, bufando tanto que uma espuma esbranquiçada lhe escorria tanto da boca quanto das narinas. Os olhos esbugalharam-se e a cauda se pôs para cima quase num ângulo de noventa graus. Arnaldo forçou as esporas e o animal continuou estático. Olhou em redor procurando por luzes. Tirou o chapéu, coçou a cabeça e ficou imaginando o porquê seu belo garanhão estava agindo como tal. Logo lhe veio à mente o fenômeno do clarão. Neste instante, percebeu uma luminescência que extravasava por detrás de um tronco imenso de uma árvore de pelo menos uns quinze metros de altura. O cavalo continuava a bufar e a suar enormemente. Estava quase a arriar as quatro patas. Num salto ligeiro, apeou-se. Estava sereno, sem nada a lhe atormentar. Quando se dirigia à árvore, se fez presente uma imensa luminosidade, e surgiu-lhe à frente o homem prateado, aquele mesmo que lhe visitara no alpendre de sua casa.

– Olá, bom homem, muito bom que vieste. Não se assuste com a minha presença, pois te quero bem. À primeira vista posso até parecer um ser de outro planeta que desceu de sua nave espacial envolto em luzes e fogos ardentes e que está aqui para devorar a sua carne e a sua consciência. Portanto, fique sereno e dê-me a oportunidade de me apresentar. Olhe bem para mim, seus olhos vislumbram algum tipo de monstro espacial?

Arnaldo encarou aquele ser misterioso, prateado e iluminado, e não conseguiu pronunciar uma única palavra.

– Não tenha receio, Arnaldo, venha, vamos nos sentar ao pé desta árvore, temos muito o que conversar.

Mabélia, onde está você? Foi o primeiro pensamento que veio à cabeça de Arnaldo. Não estava assustado, mas intrigado. Nenhum medo lhe dominava, apenas uma imensa curiosidade. Foi chegando aos poucos perto do homem prateado. Este lhe estendeu a mão, logo correspondido. Sentaram-se sobre as raízes expostas que mais pareciam troncos. Durante alguns segundos, que pareciam dias, reinou profundo silêncio. Os dois seres se olhavam mutuamente, como que se admirando um ao outro. Arnaldo percebeu com mais atenção a roupa do homem misterioso. Notou que a luminosidade do local se originava dela. Haveria algum mecanismo que produzia a luz¹. Nisso, o homem misterioso reiniciou o diálogo.

– Prezado Arnaldo, obrigado por teres vindo. Este colar que ostentas no pescoço trouxe-o até mim.

– Quem é você? Como sabe o meu nome? Diga-me, por favor, como vim parar neste lugar, não estou compreendendo absolutamente nada, está tudo muito confuso e a minha cabeça está latejando. Ah, você é um extraterrestre, sim, um extraterrestre que veio invadir a Terra e…

– Não, nada disso, bom homem, nada disso. Veja, olhe para mim com atenção, repare bem o meu semblante. Tenho tipo de extraterrestre com pretensões de invadir este planeta?

Arnaldo fixou o olhar assustado no homem prateado e depois correu a vista em volta do ambiente onde estavam, talvez procurando algum vestígio de uma nave espacial. Antes de falar, ficou alguns minutos em silêncio enquanto o outro esperava.

– Mas se você não é um extraterrestre, quem é você?

– Sou Deus, meu bom homem.

– Deus? Como pode isso? Estou de frente a Deus? Não, não, é impossível, isto não está acontecendo comigo.

– Por que não poderia estar acontecendo contigo? Considera-se imerecido por estar diante de Deus?  Não se acanhe, bom homem, e tenha a certeza de que és justo e merecedor por estar ante a face de Deus.

– Mas, mas, mas…

– Você é conhecedor do Livro Sagrado, que nada mais é do que as referências sobre o que eu criei e o que determinei, e lá está registrado que muitos bons homens como você tiveram contato comigo. Portanto, bom homem, não estranhe a minha presença perante ti.

– Mas, mas, mas…

– O que sabes sobre Deus?

– É… é… Deus é o criador do céu e da terra, de tudo. Não, não, não estou acreditando que Ele, em carne e osso, está diante de mim.

– Pois atente-se, eis aqui Deus que criou o céu, a terra e tudo mais. Diga-me, que céu e que terra Deus criou?

– Veja à sua volta, repare bem quanto é bela esta natureza que nos rodeia. Até esta escuridão é bela. Foi obra de Deus. Mas, desculpe, eu nunca ouvi falar que Deus usava uma roupa prateada. Pelo que aprendi, nenhum ser humano viu a face real de Deus, e eis aqui você me dizendo que é Deus. Que loucura é essa?

– Calma, Arnaldo, não há loucura alguma aqui, apenas realidade. Que mais Deus produziu?

– Produziu os animais do céu, da terra e das águas.

– Também é muito interessante. Que mais, meu bom homem?

– Produziu o ser mais perfeito do universo, o homem.

– Meu caro Arnaldo, tens certeza disso?

– Não existe em todo o universo, que também foi obra de Deus, ser mais perfeito que o homem.

– Tens certeza disso?

– Total certeza. Mas… oh, que loucura, estou num sonho, só pode ser isso, nada mais. Por que estas perguntas? Se estou mesmo diante da presença de Deus, por que estas perguntas sobre o que o Senhor criou?

– Peço-te, encarecidamente, que por uns instantes esqueça de que sou Deus. Imagine-se conversando com um humano semelhante a você. É importante para mim ouvir sua opinião a respeito das ações divinas. Por que, sendo o homem o ser mais perfeito do universo, foi destruído pelo criador, por Deus, num dilúvio?

– Como vou responder a esta pergunta? Foi o Senhor que fez isso e somente o Senhor poderia explicar.

– Sim, tive meus motivos, mas, como lhe pedi, esqueça momentaneamente que estás perante Deus. Apenas quero ouvir a sua opinião. Vá, diga.

– Bem, vejamos… Neste caso, Deus não teve culpa. Ele lhe deu liberdade para fazer as suas escolhas. Se o homem escolheu o caminho errado é porque assim o quis. Que culpa teve Deus nisso? Não foi assim?

– Infelizmente não, caro Arnaldo.

– Não? Mas, mas…

– Calma que vou explicar. Por ora, olhe bem firme nos meus olhos. O que vê?

– Estranho, parece que está impresso a figura do globo terrestre.

– Repare melhor, com calma. O que vês agora?

Inicialmente, Arnaldo percebera apenas a forma do globo terrestre. Ele girava na sua rotação tradicional. Ficou olhando fixo e o globo terrestre foi aumentando, aumentando, até se tornar enorme. Não se assustou. Sem saber como o fazia, deslocou-se de sua posição à frente da árvore e se postou no espaço, acima do globo terrestre, que se transparecia na sua magnificência. Envolvido pelo vácuo celeste, Arnaldo observava aquela imensa bola azul.

– Onde estás agora, terráqueo?

– Estou planando no espaço, livre e soberbo, como se carregado pelas mãos de Deus.

– O que vês, meu filho?

– Como é belo o nosso planeta Terra, como é potente e maravilhoso o poder de Deus.

– Atente no que presenciarás.

O globo terrestre aumentou de tamanho. Transformou-se em algo parecido com uma tela de cinema. Tudo era branco, até que um vermelho imenso dominou o ambiente. No chão manchado de sangue jazia Abel. As imagens aceleravam e diminuíam alternadamente. Arnaldo viu um mar de água cobrir toda a superfície da terra. Viu mãos e braços estendidos aos céus pedindo socorro. Viu enxofre e fogo se abatendo sobre Sodoma e Gomorra. Viu toda espécie de injúria dominar o ser humano. Viu um mar se abrir em dois para criar uma passagem. Viu um salvador sendo pregado numa cruz. Viu imensas catástrofes da natureza. A cada cena mais e mais a tela se manchava de vermelho. Até que uma imensa mão dominou o ambiente. Era uma mão espalmada, com os dedos esticados. Arnaldo se assustou. Coçou os olhos para reparar bem. Sim, a mão tinha seis dedos, e era linda, perfeita. A mão lhe acenava, lhe chamava com gestos serenos e tranquilizadores. De repente, tudo se apagou, e Arnaldo se viu em trevas profundas. Sua cabeça começou a rodar e ele se viu dominado por um forte redemoinho. Rodou, rodou até ficar com ânsia de vômito. O rodar cessou e uma luz azulada dominou o ambiente. Percebeu-se outra vez no espaço cósmico olhando para a Terra. Não, não era a Terra. Não, aquele planeta muito nítido à sua frente não era a Terra. Lindo, resplandecente, exuberante. Foi aumentando de tamanho e Arnaldo sentiu deslocar-se no espaço. Como uma bala de fuzil foi arremessado para baixo. Cerrou os olhos assustado, imaginando que se espatifaria no solo. Sentiu apenas um leve tremor. Em cima de uma linda montanha, escancarou o olhar. Sentiu que seus olhos funcionavam como um binóculo. Bem longe percebeu várias construções. Que era aquilo? Seu olho-binóculo vislumbrou uma linda cidade, limpa como nunca havia visto, arborizada e repleta de lindos seres que se cumprimentavam a cada encontro. Estranhou os veículos sem rodas que pareciam planar por sobre o solo. Viu num bosque verde exuberante dois seres indo de encontro um do outro. Não havia mais ninguém. Os seres foram se aproximando e num instante um deles pôs a mão no bolso de sua vestimenta. De lá tirou um objeto estranho, que parecia uma arma. Arnaldo se assustou e logo imaginou um assalto como era frequente no seu tradicional planeta. Reparou bem e ficou esperando o momento. Os dois seres já estavam frente a frente. O do objeto estranho parecendo uma arma fez um gesto para o outro estancar a sua marcha. Este parou e imediatamente também retirou da vestimenta um objeto igual. Agora eram duas armas, uma apontando para a outra. Arnaldo logo imaginou um tiroteio. Ao mesmo tempo, cada ser encostou o seu objeto no do outro. O que aconteceu foi deslumbrante. Ao contato, os objetos produziram uma enorme luminosidade. Os dois seres foram envoltos pela luminosidade, se elevaram no ar e começaram a rodar no espaço entre as árvores. Foram minutos eternizantes, lindos e incompreensíveis. Aos poucos, a luminosidade foi diminuindo e os seres voltando ao solo. Guardaram os respectivos objetos, fizeram uma mútua mesura e cada um seguiu o seu destino. Arnaldo se exaltou, sentiu-se sublime com aquela cena. Reparou-se novamente na linda montanha. Tudo era lindo ao redor. Tentou fixar o olhar-binóculo em outro ambiente quando ouviu a voz do homem prateado.

– Arnaldo, gostaste do que viste?

– Eu vi dois mundos diferentes. No primeiro, percebi passagens da Bíblia e grandes desastres em nossa Terra. Num segundo mundo, era tudo diferente, lindo, maravilhoso. Que outro mundo é aquele? Mas, o que isso tem a ver com a destruição da humanidade por parte de Deus?

– Parece que você ainda não conseguiu captar a coisa. Não é estranho Deus ter destruído uma criatura considerada por Ele mesmo como perfeita? O que eu quis dizer é que o homem não era perfeito por motivos que depois lhe explicarei com mais pormenores. Por enquanto, deixe estar. Quanto ao outro mundo pelo qual você se maravilhou pode lhe ser estranho por ora, mas somente por ora, pois se trata, igualmente, da Terra.

– O Senhor me pediu para imaginar que não é Deus. Tudo bem, mas, nossa, o que pensar de tudo isso. Ainda por cima o Senhor me diz que mesmo as imagens me mostrando situações totalmente diferentes, elas são a mesma Terra.  Não, não pode ser, o outro mundo não tem nada a ver com a Terra, são duas realidades totalmente diferentes.

– Sim, duas realidades totalmente diferentes. O que você viu primeiro foi a Terra de ontem e a de hoje. O que você viu depois foi a Terra de amanhã, isenta das promiscuidades do passado. É o futuro que aguarda aqueles que serão resgatados, os escolhidos.

– Nova Terra, escolhidos… Será que é o que estou pensando? Por um acaso estamos próximos do Juízo Final?

– Sim, meu prezado terráqueo, depois da condenação dos culpados, os escolhidos estarão vivendo uma nova era. Chegará o dia, que está bem próximo, em que a justiça será feita. Esteja ciente de que, desde o início dos tempos, a minha palavra se fez desvirtuada, não sendo levada condizentemente como deveria a todas as pessoas.

– Oh, o que estou ouvindo? Estão chegando os momentos descritos no Apocalipse? A Santa Igreja Católica desvirtuou as palavras de Deus? Por favor, faça-me entender.

– Sim, Arnaldo, o juízo final está próximo por culpa daqueles que desvirtuaram a minha palavra.

– Se é assim, se haverá mesmo o Juízo Final, o que estou fazendo aqui? O que será de mim e de minha família? O Senhor Deus é igual mim, como pode isso? Será que estou mesmo acordado ou é realmente um sonho?

– Meu bom homem, atente-se à minha presença diante de ti. Você não está sonhando, você está vivendo uma realidade concreta, você foi escolhido para ser o líder de uma nova era. Seu filho está sendo preparado para lhe suceder quando se fizer necessário.

– Sim, o Senhor falou nesta nova era, sim, eu fui escolhido e meu filho vai me suceder. Oh, minha cabeça está quase a explodir. Por favor, meu bom Deus, por favor, não me amargure com tamanho mistério, não me atormente com estas incertezas. Diga-me, amenize a alma deste pecador explicando a ele que nova era é essa. Cesse meu tormento e explique-me o porquê as religiões desvirtuaram a Sua palavra.

– A minha palavra acabou por se perder na imensidão de vozes, na imensidão das religiões. E, fundamentalmente por causa disso, a religião se tornou um antro de aproveitadores da fraqueza intelectual dos homens.

– O senhor quer dizer que a religião contribuiu para a degradação humana?

– As religiões se transformaram num imenso fardo, num verdadeiro câncer da humanidade, que se corrompeu baseando-se nas palavras de falsos profetas.

– Mas… mas… Deus não é sinônimo de religião?

– Há muitos e muitos séculos a palavra de Deus vem sendo desfigurada e a religião acabou por se transformar numa máquina de moer a fé perante ouvidos insensíveis. Ela foi dominada por aproveitadores que usam a fé dos humildes de espírito para transportá-los a caminhos sem volta, distanciando-se da verdadeira palavra de Deus.

– Quer dizer então que aqueles que escreveram a Bíblia não foram eficazes em tornar a Sua palavra mais compreensível?

– Não, aqueles que escreveram a Bíblia foram sensatos. Está em Mateus, Capítulo VII, Versículo 6: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não seja caso que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem”. Isso que dizer que não devemos tentar impor a palavra de Deus a quem não tenha boa vontade em ouvi-las, e foi assim, no transcorrer dos tempos, que a palavra de Deus foi imposta por grupos de pessoas que desvirtuaram-nas e cada grupo criou a sua religião, e cada religião vem sendo imposta como a verdade. Mas, deixemos isso de lado por enquanto. Daqui para frente teremos muito tempo para nos aprofundarmos no assunto. Agora, repare bem na bolinha azul do seu colar. Fixe bem o olhar por alguns instantes e depois me diga o que sentiu.

– Estou percebendo agora, estou me lembrando de tudo. O risco luminoso no céu, três homens prateados e brilhantes, vocês, é, o Senhor era um deles, não era? Foi o Senhor também que esteve lá em casa e curou o meu filho, não foi?

– Sim, Arnaldo. Que bom você estar se lembrando.

– Mas, mas… o que representa isso tudo?

– Você é um homem especial, temente a Deus. Sabe muito bem que Ele tem os seus ajudantes, os anjos. Eu sou um anjo de Deus, de nome Etnaduja. Está na Bíblia que três anjos estiveram na presença de Abraão para anunciarem a destruição de Sodoma e Gomorra, lembra-se? Pois Deus e dois anjos estiveram na sua presença há sete dias para anunciarem um novo tempo. Portanto, exulte-se como o profeta.

– Oh meu Deus, o que é isso que está acontecendo comigo? Estou mesmo na presença de Deus, ou de um anjo de Deus?

– Você considera que sou uma fraude?

– Fraude, como assim?

– Talvez você imagine que sou um humano que nem você a lhe pregar uma peça. Que tal?

– Com qual finalidade?

– Pois é, esquisito, não é mesmo? Na vez anterior e agora estou perdendo o meu tempo nessa escuridão, nesse ermo, nesse barro todo, com toda uma parafernália de ações só para te pregar uma peça? Seria isso mesmo?

– Realmente não teria cabimento. Mas… por que aqui? Quer dizer, este contato tinha que se dar no meio do mato, à noite e com o solo todo encharcado? E, por favor, me conscientize adequadamente sobre aquele clarão.

– Teve um sério motivo. Aliás, muitos sérios motivos. Numa outra oportunidade lhe explicarei. Na verdade vos digo, bom homem, que Deus escolheu a você e sua família para iniciarem uma nova era.

– Eu já li uma enormidade de vezes sobre os contatos dos profetas com Deus ou com os anjos. Nunca deixei de me emocionar. Por incrível que pareça, em várias oportunidades me imaginei no lugar deles. Eis agora estou tendo um contato com Deus. Desculpe, mas não consigo acreditar.

– Acredite, Arnaldo, acredite como acreditou Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés e tantos outros.

– Veio-me de supetão a lembrança de que, no primeiro encontro, deslizando por uma ribanceira eu bati a perna esquerda num tronco de uma árvore e tive fratura exposta. Isto está muito forte na minha cabeça neste exato momento. Como fui curado?

– Que bom que tenhas esta consciência. Lá estava você numa noite escura, chuvosa, no meio do mato e com uma fratura exposta. De repente, cadê a fratura exposta? Nada mais que o poder de Deus te curou, assim como curou o seu filho. “Ó filho do espírito! Meu primeiro conselho é este: Possue um coração puro, bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna. A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a justiça; não se desvies dela, se é que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondera isto em teu coração: como deverás ser. Em verdade, a justiça é Minha dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, ante os teus olhos²”. Meu bom homem, temos muita satisfação em tê-lo conosco, assim como teremos a mesma satisfação em ter sua esposa e seus três filhos. Por isso, faço-te uma convocação. Amanhã à noite estarei esperando por vocês neste mesmo local. Será a última vez em que nos encontraremos nestas circunstâncias desconfortáveis. Agora vá, vá em paz e até amanhã.

Arnaldo levantou-se, montou no garanhão e partiu em direção à Vila do Córrego Dobrado. Animal e cavaleiro seguiam garbosos. Para eles, não havia obstáculos naquela noite. Tudo se deslumbrava em plenitude com mais e mais estrelas se apresentando. A quarta-feira prometia um sol esplendoroso para comemorar o seu encontro com Deus. Ele, o cavaleiro, tinha os olhos azulados e a serenidade lhe dominava corpo e alma. Em casa, a família já começava a se preocupar. O relógio marcava três horas da manhã quando Mabélia consolava Arnaldo:

– Tudo bem, filho? Não fique tão inquieto assim, eu sei que você enfiou na cabeça que viu Deus e que ele te curou. Eu sei que você enfiou na cabeça que seu pai saiu num rompente para ir encontrar com Deus. É por isso que te peço calma, paciência. Daqui a pouco ele chega. Vem, senta aqui do lado da mamãe, vem.

– Tá tudo bem, mãe, mas é que o papai está demorando demais, será que aconteceu alguma coisa?

– Confesso que não estou muito tranquila. Em compensação, algo me diz que está tudo bem com ele. Vamos ter calma, muita calma, e esperar. Não pode ter sido uma coisinha a toa que o fez sair assim tão apressado por causa de uma luz daquele colar. É, filhos, aquele colar é um mistério.

– Mãe, e se for mesmo Deus como diz o Januário? – perguntou Mara.

– É, mãe, o Januário está insistindo que foi mesmo Deus que esteve no quarto e o curou. Quem sabe o colar não foi um presente Dele ao papai? – foi a vez de Sofia opinar. Logo depois voltou Januário a questionar a mãe.

– A senhora acredita que ele foi ao encontro de Deus? Eu tenho certeza. Fala sério, mãe, o que a senhora acha disso tudo.

– Por favor, filho não comece com…

– Mãe, quando papai voltar a senhora vai perceber tudo. É, mas o Padre Alaor me pediu para não ficar falando sobre isso, ele explicou que isso poderia causar confusão por aqui entre o povo.

– Do jeito que o povo daqui acredita em tudo o que se fala, é bem provável que daqui a pouco comecem a dizer que a Vila é a nova morada de Deus. Só me faltava essa.

– O Padre Alaor tem medo de que a Vila se transforme num local de peregrinação. Ele tem medo de que Deus não consiga atender a todo mundo. Eu prometi que não falaria de Deus ao povo, por enquanto, até ele decidir o que fazer.

– Januário, você está delirando, por um acaso a febre está voltando?

– Enquanto mãe e filhos discutiam sobre Deus, ouviram ao longe o som de ferraduras batendo no calçamento de pedra da rua. Ficaram em silêncio, ansiosos. A pequena porteira lateral da casa foi aberta e Arnaldo se dirigiu à baia de seu garanhão. Desarreou o animal, ministrou-lhe alimento e água e entrou em casa emocionado.

– Arnaldo, finalmente você chegou. Que loucura foi essa de ter saído em disparada?

– Mabélia, meninos, sentem aqui ao meu lado, pois o que vou contar talvez não acreditem. Aliás, o Januário vai acreditar de primeira, pois ele estava certo.

Tremendamente emocionado, Arnaldo fez um relato sucinto sobre o seu encontro com o homem prateado, quer dizer, um anjo de Deus. A cada palavra do marido, a mulher e os filhos se exasperavam, como que não acreditando. O homem suava por todos os poros, gesticulava com braços e pernas, levantava-se e sentava-se sem parar. A emoção dele era incontida assim como a emoção dos ouvintes. Januário não se conteve.

– Eu disse, eu disse…

– Arnaldo, você está delirando, só pode ser isso. Ah, já sei, foi aquela queda do cavalo. Sim, tem que haver uma explicação para estes seus delírios, é claro, porque…

– Oh mulher, não diga tolices, pois estou dizendo…

– Tolices, eu dizendo tolices? Oh, meu amor, me entenda. Como posso acreditar quando me diz que esteve pessoalmente conversando com um anjo de Deus? Tudo bem que somos tremendamente tementes a Ele, e Padre Alaor é testemunha ocular, mas Arnaldo, oh meu amor, não faça isso comigo, por favor, não me deixe preocupada.

– Veja os meus olhos, veja este colar. Este colar me foi dado por Deus. Não, não, não estou louco, mulher, pode ficar tranquila. Como dois mais dois são quatro agora a pouco estive lado a lado com um anjo de Deus e batemos um longo papo. Vejam vocês quatro, reparem bem os meus olhos.

– É, estão com uma coloração azulada, igualzinho aos do Januário. Que esquisito. Será que…

– Deixe estar, meu amor. Agora, com muita atenção, fixem o olhar aqui na bolinha azul do colar.

– Foram exatos dois minutos. Mabélia, Mara e Sofia se levantaram. Estenderam as mãos ao marido, que também se levantou. Abraçados, os quatro se juntaram a Januário, que se abraçou a eles, dizendo:

– Pai, o senhor realmente esteve com Deus.

– Sim, meu filho, você estava absolutamente certo, pois seu pai esteve com Deus, assim como você também esteve com Ele.

– Era aquele homem prateado, não era?

– Sim, Januário, de certa forma era Deus, pois aquele homem é um anjo Dele que esteve perante nós dois como um homem de vestimenta prateada e brilhante.

– E agora pai, o que vai acontecer?

– Prestem muita atenção no que vou dizer. Nós fomos convocados para estarmos na presença Dele. Todos nós cinco. Fomos escolhidos por Ele para iniciar uma nova era na Terra. Não sei ainda como será esta nova era. Iremos amanhã à noite e na presença Dele ficaremos a par do que fazer. O motivo de irmos à noite é para não despertarmos a atenção do povo da Vila. Precisamos sair em surdina. Vamos viver o nosso dia-a-dia de manhã na maior normalidade possível até chegar a hora de partirmos. Estão todos cientes e animados para a viagem?

Obviamente, todos responderam sim. Depois, abarrotaram Arnaldo de mais perguntas sobre a tal nova era. Mas o pobre homem ainda nada sabia. Custou a acalmar a turma e incutir em suas mentes que, somente na presença Dele, é que ficariam sabendo de tudo.

– Arnaldo, Ele disse alguma coisa sobre a volta de Jesus Cristo? – perguntou Mabélia.

– Não especificamente, mas deu a entender que o Apocalipse está próximo. Então, tem a ver com a volta de Jesus Cristo.

– Oh, mas é uma notícia maravilhosa, pois…

– O apocalipse está próximo e você considera que é uma notícia maravilhosa?

– Mas é claro, meu amor, pois se Deus nos procurou às vésperas do Apocalipse é porque estamos salvos, não é? Oh, misericórdia, ó dádiva recebida, ó salvação. Obrigado Deus, mil vezes obrigado!

– Calma, mulher, esperemos mais um pouco para termos certeza absoluta. Vamos ser sensatos e ponderados.

– É isso mesmo, pai – ponderou Mara. No apocalipse serão salvos os justos, não é? Portanto, se Deus nos procurou é porque vamos viver ao lado Dele. Que legal!

– É, Deus queira que seja realmente assim.

* 1: O tecido da roupa do alienígena é entremeado de minúsculas lâmpadas tipo LED em forma de cápsulas. Quando acesas, produzem uma luminosidade não ofuscante que atinge, para cima e para os lados, um raio de até cinco metros.

* 2: Do livro “As palavras ocultas de Bahá’u’lláh”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Desenho e montagem de Eitel Teixeira Dannemann.

 

Compartilhe