ANTONIO NOGUEIRA DE ALMEIDA COELHO: FALECIMENTO – 2

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Morreu! Eis o echo lugubre que ainda se repercute dolorosamente nos corações de todos quantos tiveram a felicidade de conviver com elle.

Tombou na campa ainda moço deixando familia e innumeros amigos que, inconsolaveis, chorarão eternamente a sua morte. Morreu o bom amigo e companheiro dedicado; o seu corpo, hontem forte e altivo, dorme hoje placidamente o somno eterno dos justos.

Triste realidade! Não mais o veremos ao nosso lado sempre alegre, insinuante e attractivo a trabalhar comnosco, empregando toda a sua actividade pelo desenvolvimento desta terra que amou, e á qual, do intimo d’alma, desejava que progredisse e que caminhasse na vanguarda das outras mais civilisadas.

E elle era progressista. Por sua exclusiva iniciativa foi fundado este jornal, o primeiro que sahiu á luz nesta cidade, e no qual sempre se bateu pelo bem estar moral e material deste povo; vimol-o ao lado de seus illustres amigos, encorajado e prompto trabalhar pela fundação do “Atheneu da Cidade de Patos” que infelizmente teve duração ephemera. E não foi só isto; o seu espírito esclarecido e altamente patriota, se manifestou sempre e com a maior bôa vontade em tudo que visasse o nosso engrandecimento: ahi estão os muitos artigos que escreveu neste jornal sobre diversos melhoramentos locaes; para elle não havia difficuldades a vencer desde que se tratasse  de uma cousa útil.

E foi esse grande homem, esse espírito culto, esse coração formado só para o bem que a fatalidade arrojou na escuridão do tumulo.

O dr. Antonio Nogueira nasceu no districto de Sant’Anna do Morro do Chapéo, município de Queluz de Minas, a 2 de março de 1876 e era filho de importante familia d’alli. Fez seus estudos em Ouro Preto e na Bahia, formando-se em direito pela Academia de S. Paulo. Logo depois foi nomeado Juiz Substituto desta Comarca. Supprimido esse cargo foi nomeado Promotor da Justiça, tendo sido ha pouco tempo exonerado a pedido, desse cargo, e ultimamente advogava no foro desta Comarca.

Ainda moço, pois contava apenas 31 annos, foi, na funesta manhã do dia 29 de abril, roubado aos carinhos da esposa querida e da adorada filhinha que chorarão eternamente o seu prematuro passamento.

Choremos, pois, a morte desse benemerito, desse amigo franco e leal, desse bom e dedicado companheiro; depositemos sobre a sua campa uma corôa de goivos e de saudades.

Paz á sua grande alma!

F. Pinto.

* Fonte: Texto de Fortunato Pinto da Cunha publicado com o título “Dr. Almeida Coelho” na edição de 05 de maio de 1907 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Do livro Domínios de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

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