COLÉGIO EXPERIMENTAL DEVERÁ MUDAR

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A propósito da notícia publicada com o título acima, na edição passada, recebemos do amigo professor, Ricardo Rodrigues Marques, Diretor do Ex-Colégio Experimental, uma carta, na qual o mesmo tece considerações sobre a referida nota.

Apressamo-nos em publicá-la, mesmo porque é o do nosso lema o diálogo franco e cordial, sem subterfúgios, sem covardias.

Ao final, publicamos a nossa opinião sobre o assunto. Agradecemos ao professor Ricardo e nos colocamos à sua inteira disposição para quaisquer outros esclarecimentos que julgar de interesse público.

A CARTA

Patos de Minas, 11 de março de 1969

Ilmo. Sr.

José Maria Vaz Borges.

Redator-Responsável pelo “Jornal dos Municípios”.

NESTA

Na qualidade de diretor do Colégio Normal do Alto Paranaíba – ex Ginásio Experimental – venho à presença de V.S.a, para fazer referências sobre o artigo publicado nesse semanário, na edição do dia 9 próximo passado e intitulado “Colégio Experimental deverá mudar”.

Devo confessar que a notícia constituiu surpresa até para mim que, em razão de minhas funções, deveria estar a par de tudo o que diz respeito ao Educandário.

Acredito que o redator da nota, pretendeu precipitar, graciosamente, um acontecimento que me parece ainda remoto, para ser registrado com tanto sensacionalismo. A Secretaria da Educação, por ser órgão de máxima responsabilidade, não iria por certo solicitar ao Colégio Normal, a desocupação das salas do Colégio Estadual, de modo tão repentino e abrupto, como o redator quis insinuar.

Além do mais, não se trataria, no caso, de exigir a saída do Educandário, como se ali estivesse a funcionar ilegalmente. O Departamento de Ensino Médio e Superior da Secretaria autorizou expressamente o Colégio Normal do Alto Paranaíba a funcionar em dependências do Colégio Estadual, por prazo que vai até cinco anos, sujeito ainda a dilatação.

Por outro lado, Sr. Redator, pareceu-me extremamente frágil o motivo que levaria a Secretaria a fazer tal  exigência.

Como é sabido, o Estado, por razões de ordem financeira, mantém atualmente uma posição inflexível: a de não permitir se onerem mais os cofres públicos, com despesas novas, na área do ensino. Há, inclusive, portarias, proibindo terminantemente aos diretores de estabelecimentos oficiais a abertura de novas classes.

A impossibilidade de se inaugurar outro curso no Colégio Estadual, para alunos pobres, se evidencia mais quando se leva em consideração que o próprio Colégio já funciona em horário noturno, com o ciclo ginasial completo (e, para o próximo ano, também com o 1.º ano do curso científico), ao qual tem acesso principalmente os alunos pobres que, em sua ocupação diária, obedeçam a horário diurno.

O ensejo destas considerações rogaria a V.S.a se dignasse publicar a presente carta no jornal que dirige, para os devidos fins.

Ricardo Rodrigues Marques

NOTA DA REDAÇÃO

1.º – A notícia, segundo o nosso missivista, “foi registrada com intuito sensacionalista…”

– Parece-me que a “sensação” somente foi sentida pelos “donos” do antigo Colégio Experimental pois, ao que me consta, pelas manifestações recebidas, a NOTA foi bem aceita pelos estudantes e pela população que tem pleno conhecimento da existência do “Comércio de Ensino” naquele educandário que foi fundado sem fins lucrativos… é do estatuto?…

2.º – A NOTA dizia que: “veiculava pela cidade a notícia de que a Secretaria da Educação deveria exigir a desocupação dos cômodos que são ocupados pelo Ex-Colégio Experimental”.

– Não falamos quando isso se daria e nem de que modo. Daí não existir o ato abrupto e a afoiteza de que fala o missivista.

3.º – Sobre a legalidade ou a ilegalidade do funcionamento Colégio Experimental no recinto do Colégio Estadual não sabemos nada, por enquanto…

O que sabemos, por ouvir dizer, é que a diretora do Colégio Estadual é a “DONA” do Colégio Experimental e o qual funciona no mesmo prédio…

4.º – Sobre a possibilidade ou impossibilidade do governo estadual ‘INAUGURAR” outro curso no Colégio Estadual, para alunos pobres, não vemos nenhuma impossibilidade, desde que se dispusessem os nossos representantes a um trabalho UNIDO para realização da obra e se contassem com a boa vontade de certas pessoas que militam no ensino PARTICULAR – PAGO de nossa terra…

– Tem muito estudante pobre que não “arranjou” vaga no curso noturno do Estadual… daí a necessidade de se aumentar o número de vagas…

– Finalmente, devemos dizer que nos “arrependemos” de ter dado aquela nota, “sugerindo aquele empreendimento aos nossos deputados. Seria mais fácil para nós sugerir-lhes a mudança de um Delegado; a troca de um soldado; a nomeação de uma servente ou a troca de uma professora… Isso é bem mais fácil e se coaduna com a mentalidade de certa gente. Não é mesmo, caro amigo Ricardo?… Bobagem mexer com coisas do ensino… principalmente do COMÉRCIO DE ENSINO EM PATOS DE MINAS. Isso é “sensacionalismo…!”. Para você, Ricardo, para nós, NÃO!

* Fonte: Texto publicado na edição de 16 de março de 1969 do Jornal dos Municípios, do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Inmparigotsouza.seed.pr.gov.br.

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