ANTÔNIO VIEIRA CAIXETA COMENTA SOBRE O HOSPITAL SÃO LUCAS ANTES DA INAUGURAÇÃO

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Estamos vendo a construção do novo Hospital São Lucas¹ chegar ao seu término e perguntamos, existe uma precisão da data de sua inauguração?

Por coincidência, ontem fizemos uma reunião e com um certo otimismo, estamos prevendo a inauguração para a semana da Festa do Milho.

Quais são as principais características técnicas do novo hospital?

Ala de consultórios − temos uma ala reservada aos consultórios – num total de dezoito – que fica à direita do “hall” de entrada, os quais foram localizados de acordo com as especialidades, observando-se a característica de cada uma delas, para que o movimento e os ruídos em um consultório, não prejudiquem ao outro. Por exemplo: os consultórios de Ginecologia e Obstetrícia ficarão separados, de modo que a gestante possa ter um conforto maior, sem os choques provocados pelo contato com doentes diversos. Outro conforto que ofereceremos às gestantes é um banheiro privativo na sala de espera dos consultórios.

Pronto Socorro − Na ala esquerda do “hall” principal, está o Pronto Socorro, com entrada independente na extremidade da Rua Maestro Randolfo, de modo que todo doente que dê entrada ali, não tenha contato com outros pacientes, pois geralmente, o estado do paciente de Pronto Socorro é chocante para qualquer pessoa e muito mais, para alguém que já esteja doente. Dentro do bloco do Pronto Socorro, temos um consultório para Ortopedia e Traumatologia – que de um modo geral constitui 80% do movimento de Pronto Socorro – dois consultórios para Clínica, uma sala de gesso, uma sala de Cirurgia, uma sala para inalações e oxigenação de fácil acesso, para atendimento a cardíacos e asmáticos, por exemplo.

Departamento de Raio X − fica localizado entre o Pronto Socorro e a ala de consultórios, com acesso pelos dois lados, com dois banheiros.

Centro Obstétrico − é muito amplo, com duas salas de parto, uma sala de pré-parto com dois leitos e com uma área verde anexa. Essa sala é onde a parturiente permanece até o período final, o período expulsivo, para separá-la do movimento, das pessoas da família, principalmente do marido que geralmente está nervoso, fumando… da mãe, da sogra, que quase sempre estão aflitas. Então a parturiente vai para aquela sala, acompanhada de uma enfermeira, monitorizada, que estará preparada para saber o momento exato de chamar o médico.

Berçário − há um berçário, onde permanecerão apenas os recém-nascidos contaminados (casos de bolsa rota) e prematuros os quais não entrarão em contato com os bebês normais e estes ficarão nos quartos, junto com as mães após um período de observação, como se fazia antigamente e como recentemente está acontecendo nos melhores hospitais do país.

Centro Cirúrgico − com duas salas enormes de Cirurgia, uma sala de Ortopedia, uma câmara escura para revelação de radiografias que sejam feitas durante o ato cirúrgico, sem perda de tempo e sem os grandes riscos de contaminação que geralmente acontece com a saída e entrada de pessoas na sala.
Como inovação temos a maca de passagem, no Centro Cirúrgico, quer dizer o carro da maca que rola nos corredores, não entrará no Centro Cirúrgico, para se evitar a contaminação. Estamos nos preparando da melhor maneira possível para diminuir o grande risco de antibióticos no pós-operatório imediato ou se usar, que seja o mínimo possível, dentro da sala de recuperação, para quando o doente for para o quarto, não precise mais dele. Vi isto no Hospital da Baleia, em Belo Horizonte e achei muito interessante.

Departamento de Fisioterapia − para uma fisioterapia voltada para a recuperação. Inclusive, temos um cardiologista contratado há pouco tempo, que faz recuperação de enfartados e de pós operados.

Centro de Tratamento Intensivo-CTI − com quatro leitos, dentro dos padrões exigidos pelo INAMPS.

Postos de Enfermagem − são três, para distribuir melhor a função das enfermeiras e tornando mais rápido e eficiente o atendimento.

Área de Isolamento − temos uma área para isolamento para portadores de doenças infecto-contagiosas, com 4 leitos.

Capela − ou melhor, uma sala para realização de cultos de todas as crenças, e que se chamará Sala “Padre Almir Neves de Medeiros”.

Existe uma copa muito grande, com um refeitório para funcionários e uma sala para refeições, café e descanso dos médicos. Logicamente, temos cozinha, lavanderia e demais dependências, todas muito amplas e bem equipadas.
Dentro do hospital, existem algumas áreas verdes e haverá um grande jardim interno, onde os doentes em melhores condições poderão descansar em contato mais direto com a natureza. O projeto desse jardim foi feito pela firma “Antonio’s Decorações”, aqui de Patos.

Qual é a área total do terreno e suas dimensões para as ruas principais?

A área é de 10.250 metros quadrados, tendo 100 metros de frente para a Rua Maestro Randolfo e 36 metros para a Rua Major Gote.

Qual a área construída?

Aproximadamente 4.000 metros quadrados.

Quantos leitos serão oferecidos?

A capacidade total é de 110 leitos, mas para um trabalho mais tranquilo, ofereceremos 100 leitos, assim distribuídos: 8 enfermarias com 6 leitos cada um, com um banheiro para cada enfermaria, para atendimento a pacientes do INAMPS, FUNRURAL e outros convênios, sem diferença; 4 leitos na área de isolamento; 20 quartos com lavatórios, servidos por quatro banheiros situados no corredor e 32 apartamentos de tamanhos e categorias diferentes, com telefone opcional e alguns com áreas verdes privativas. Vamos inclusive, tentar introduzir em alguns deles, o serviço de frigo-bar.

Não haverá problemas de estacionamento?

Teremos também estacionamentos privativos: aproximadamente 1.200 metros quadrados na Rua Major Gote, privativo para médicos e quase 6.000 metros quadrados na Rua Maestro Randolfo, para o público.

De quantos médicos é composto o quadro do hospital e quais suas especialidades?

No momento, temos 16 médicos trabalhando no hospital que são: Dr. Ademar Antônio Caixeta Mendes (Ortopedia e Traumatologia); Dr. André Avelino da Costa Nunes Junior (Patologia Clínica e Hemoterapia); Dr. Anísio Vieira Caixeta (Doenças de Senhoras, Parto e Prevenção de Câncer Ginecológico); Dr. Antônio Viera Caixeta (Ouvidos, Nariz e Garganta); Dr. Antônio Hipólito Pereira (Doenças de Crianças); Dr. Carlos Martins Neto (Clínica Geral e Cardiologia); Dra. Carlúcia Martins Augusto Arpini (Clínica Médica e Anestesia); Dr. Cláudio Alex Sarsur (Clínica Médica e Cardiologia); Dr. Edson Teixeira Fabrini (Cardiologia, Ergometria e Eletrocardiografia); Dr. Francisco de Barros Cotta (Neurologia, Neurocirurgia e Eletroencefalografia); Dr. João Carlos Cisneiros G. de Andrade (Clínica Cirúrgica e Cirurgia Geral); Dr. José Cláudio Arpini (Onco-hematologia); Dr. José da Silva Teixeira (Anestesiologia); Dr. Paulo Nunes Caixeta (Clínica e Cirurgia dos Olhos); Dr. Sérgio Jovem (Radiologia); Dr. Tomaz Fraga (Urologia, Rins, Bexiga e Próstata).
Até a inauguração do hospital, teremos pelo menos mais quatro. Inclusive virá outro otorrino para o meu lugar e eu ficarei apenas com a parte da Endoscopia perioral e digestiva, que é a especialidade que fiz durante cinco anos no Hospital das Clínicas, em São Paulo e na qual, naquela época, nem se falava aqui. É um processo de fotografia de uma úlcera, por exemplo.

E o corpo de enfermagem, como está constituído?

Nosso corpo de enfermagem é dirigido por uma enfermeira de curso superior, de grande competência, organização e capacidade de trabalho que se chama Glória Boaventura. Temos além dela, 19 enfermeiras.

Pela classificação do INAMPS, em qual categoria deverá se enquadrar o hospital?

Há dois ou três meses atrás, fui ao INAMPS, em Belo Horizonte e trouxe duas supervisoras do RECLAR (Relatório de Classificação Hospitalar) encarregados de fazer a classificação, que entretanto, só poderá ser feita depois de concluído o hospital. No ponto em que estava a construção, alcançamos 97% dos pontos o que quer dizer, que se o hospital estivesse pronto, teríamos tranquilamente, alcançado a primeira categoria em todas as clínicas, pois o mínimo exigido são 87 pontos e fizemos 97, perdendo portanto, apenas 3 pontos. Agora, 100% é quase impossível, porque eles pedem uma série de coisas, que não sei se em Minas, algum hospital tenha alcançado.

Quanto deverá ser o custo do hospital?

Depois de tudo instalado, aproximadamente 100 milhões de cruzeiros.

Você tem algum financiamento?

Felizmente, nenhum.

E sócios?

Não. Apenas, cada médico é proprietário da sala de seu consultório, em sistema de condomínio.

Qual será o destino do atual prédio do hospital?

Penso em remodelá-lo e revertê-lo em hotel. Lembram-se do Patos Hotel que antecedeu o hospital, neste prédio?

* 1: Leia “Patos de Minas Terá o Mais Moderno Hospital do Interior”.

* Fonte e foto: Entrevista de Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada com o título “Dr. Antônio Vieira Caixeta − Diretor Proprietário do Hospital São Lucas − Empresário” e subtítulo “O custo final do Hospital depois de tudo instalado, será de aproximadamente 100 milhões de cruzeiros” na edição n.º 40 de 31 de janeiro de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

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