ALMIR NEVES DE MEDEIROS (PADRE ALMIR)

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TEXTO: JOSÉ MARIA VAZ BORGES

Quando vejo o Padre Almir Neves de Medeiros, com caspa na batina, franzino, pálido, humilde, sorridente, transitando apressado pelas ruas ou, numa conferência, discorrendo sobre os mais diversos assuntos, recordo-me de D. Hélder Câmara. Parece-se com ele até no modo de andar. Não é só pela parecença que os admiro, mas, também, nas ações e atuações em prol da sociedade e da vivência atribulada em que se depara a população brasileira.

Aqui em Patos de Minas, neste deserto de homens possuidores de legítimos pendores de liderança, apareceu para nossa sorte, este jovem sacerdote que lidera, com novo timbre, com nova idéia e nova mente, uma pregação autêntica à nossa mocidade.

Pe. Almir, quando aqui aportou para ordenar-se, precisamente no dia 28 de outubro de 1956, na Catedral de Santo Antônio, parece que já trazia a sina de condutor do rebanho que desabrochava dentro dos corações da juventude patense. Sim, naquele dia 28, precisamente às 9 horas, oficiada por D. José André Coimbra, acompanhado pelo Monsenhor Fleury Curado, Pe. Josias, Pe. Amélio, Pe. Geraldo Loureiro, Frei Plácido, Pe. Tomaz Olivieri e outros, iniciava-se a solenidade de sagração sacerdotal do Pe. Almir e Pe. Severo. Recordo-me bem. A Catedral superlotada. É chegada a sublime ocasião. É o instante em que os Neo Sacerdotes, com as mãos atadas, se encaminham para o público e, dentre a seleta platéia surgem duas velhinhas. Semblantes comovidos e olhos rasos d’água. Suportando toda a angústia maternal ao verem os filhos, no ato final de sua dedicação total a Deus, desatam as fitas que enleavam as mãos de Pe. Almir e Pe. Severo. Foi o momento definitivo e bendito de duas veneráveis mães, mas, também o momento supremo de Patos de Minas ganhar um líder na fé e na pregação. Daí, foi o que vimos. Pe. Almir, em plena flor da juventude. Extuante de vibração e entusiasmo, aproximou-se da mocidade e, pensamos nós, encontrou-a abandonada, desfibrada, sem as luzes de um ideal concreto e completo. Falando-a. Auscultando-lhe. Dirigiu-a. Agora, orienta-a, de acordo com princípios sadios e cristãos.

Hoje, quem se atém a observar esta mocidade, extuante de ideal, discutindo e debatendo problemas sérios do Município, do Estado e do País, tem certos arroubos de entusiasmo. É o meu caso. Mas, para se chegar a estas paragens, foi necessário muito esforço, muita dedicação, muito sacrifício.

As incompreensões, por parte dos pretensos “líderes”, que se arvoraram em mentores da juventude patense, se fizeram sentir na caminhada que se propôs o Pe. Almir.

Sim, Pe. Almir, talvez não saibas, mas, nós sabemos que, antigamente, quando os falsos líderes manipulavam as mentes de nossa juventude, sentíamos uma certa desesperança pelo futuro de Patos de Minas. Hoje, quando se avolumam as conspirações contra os mais legítimos anseios de brasilidade social; quando a corrupção campeia desgraçadamente, comprando até consciências, com a força do poder econômico; quando é escarnecida a piedade, a virtude ludibriada, quando a moral é vilipendiada, surge, aqui em Patos de Minas, uma Batina, trazendo uma nova chama em prol de nossa futurosa mocidade. E Patos de Minas, esta metrópole encravada no sertão das Minas Gerais, deve ufanar-se de, naquele 28 de outubro de 1956, ter ganho mais um filho, mais um sacerdote do quilate do magrete Pe. Almir Neves de Medeiros. Sim, Pe. Almir, nós que aqui nascemos, aqueles que aqui vivem, estão acompanhando os seus passos, sua obra, sua dedicação em benefício da juventude.  Continue Padre Almir, continue sempre. Se aqui não receber a paga pela sua dedicação sacrossanta, bem sei, bem sabemos, que, lá no alto, está o Juiz Supremo e, por certo estará computando seus “pontinhos” positivos na tabela de sua vida. Sei, sabemos, que, muitos “A RS”, já estão creditados no seu ativo e, que, somados aos que virão, dar-lhe-ão muitas “cautelas” e, queremos em Deus, que, pelo menos uma, seja premiada, dando-lhe ingresso para a Entrada Triunfal no reino de Deus. Continue amealhando Pe. Almir. Continue…

* Fonte: Texto de José Maria Vaz Borges publicado com o título “Padre Almir” na edição de 15 de julho de 1962 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

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