RUA DA VERGONHA

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TEXTO: JOSÉ HUMBERTO G. DE MELO (1977)

Muita gente diz que o pior cartão de visita de Patos é a nossa decadente rodoviária. É certo que ela é um cartão de visita bem vergonhoso, mas talvez o pior de todos, o mais vergonhoso seja a rua Padre Brito. Todo mundo sabe que lá é o refúgio das vítimas da nossa sociedade “impiedosa”. Eu não condeno as prostitutas, porque elas são fruto da nossa falta de amor. Eu condeno o lugar em que elas se refugiam.

Acho o cúmulo do absurdo aquela zona de prostituição em pleno centro da cidade.

Todos sabem que a rua Silva Guerra é praticamente a ponte que liga o Bairro Brasil ao Centro, e 90% das pessoas daquele bairro que vão ao centro da cidade passam pela dita rua.

Pois é: eu moro na rua Barão do Rio Branco, e sempre que tenho que ir ao centro ou voltar para casa passo pela Silva Guerra.

A maioria das vezes em que volto do colégio, assisto bêbados saindo da zona boêmia e cercando moças que também voltam do colégio para as suas casas. Às vezes não são bêbados que as cercam, são rapazes e muitos pais de famílias.

Estes indivíduos cercam as moças e fazem “elogios” tão baixos quanto a classe dos que ali frequentam.

Aquela esquina se torna um perigo para as senhoras, moças e adolescentes. É raro as moças não serem assaltadas por certos “elogios”.

Será que não se pode fazer nada contra esta ameaça? Ou será que ninguém percebeu isto? Só mesmo cego para não se perceber a vergonha que é aquela rua em pleno centro da cidade.

Eliminar as prostitutas eu sei que é impossível, mas eliminar aquela zona de prostituição, se se tiver um pouco de força de vontade é perfeitamente possível.

Então, o que é que se pode fazer? Quanto tempo vai demorar?

Eu espero algum dia poder ver pessoas “de bem” transitando por aquela rua. Isto é um sonho? Se for, continuarei sonhando.

* Fonte: Texto publicado na edição de 08 de outubro de 1977 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: M.diarioonline.com.br.

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