CULTURA

Postado por e arquivado em DISTRITOS, PINDAÍBAS.

O folclore é a sabedoria popular. É tudo aquilo que demonstra a capacidade de fazer e de criar de um povo. Ele nos mostra o jeito de ser de um povo, as suas características bem marcantes. E ele se encontra em todo lugar, na linguagem, nos gestos, na alimentação, nas diversões, nos trajes típicos, no trabalho. Hoje já não existe mais, pois a máquina tomou conta de tudo, o mutirão da capina, de limpeza de rego, de bate-pasto, etc. Como isso foi sobejamente vivido pelo pindaibense. Agora, é mais uma saudade. Ainda existem, e com grande participação, as Folias de Reis. São muito concorridas e fazem o giro por ocasião das festas natalinas, de dezembro até janeiro. Também são praticadas, com muito ardor, as festas juninas, sobretudo os levantamentos de mastros e as fogueiras de São João.

Saul Martins afirma que “artesão é quem domina uma técnica manual e faz objetos de uso frequente na comunidade, sem equipamento industrial repetitivo, com emprego de material disponível – ou extraído no lugar ou retalhos, sucata, refugo industrial, sobra aproveitável”. O artesanato, portanto, “é o conjunto de processos manuais de fazer adotados pelo artesão durante a elaboração plástica”. E Pindaíbas tem artesãos de primeira linha. Sebastião Fernandes Santiago, popularmente conhecido como Tião Santeiro, trabalha em madeira e dedica-se mais à feitura de imagens de santos, de vários tamanhos. Em muitas igrejas são encontradas imagens do padroeiro, por ele esculpidas, preferencialmente em cedro. Na Igreja do Distrito há um crucifixo no altar principal, por ele esculpido e doado. Gosta muito de fazer carros de boi, com as juntas dos animais. Detalhista e com acabamento aprimorado.

Antônio Elias Soares é autor de muitos instrumentos de corda como viola, rabeca, violão e bandolim.

José Luiz Gouveia faz trabalhos em miniatura bastante apreciados. Destacam-se monjolo, carro de boi, animais vacum e equino, ferramentas, etc.

Adão Marins, com sua casa típica, onde procura apresentar os costumes rurais, caracterizando com detalhes os ambientes, constrói também originais carros alegóricos para as festas, principalmente para os desfiles da Festa Nacional do Milho.

Mais recentemente, surgiu José Arruda, trabalhando com madeira e confeccionando animais bovinos e equinos, em geral. Ultimamente se dedica à feitura de instrumentos musicais, com incentivo e orientação de Antônio Elias, que parou de confeccioná-los.

No desfile da FENAMILHO , quando da visita do Presidente Ernesto Geisel¹, o Ginásio João XXIII apresentou o mais original dos carros alegóricos, com uma turma jogando truco. Foi muito aplaudido pelos visitantes, despertando atenção maior do próprio Presidente. O carro foi confeccionado por Adão Marins, José Eustáquio Ribeiro (Tatá), Dercílio Amorim e alunos da escola.

Em 15 de maio de 1971, Antônio Elias se apresentou na extinta TV Itacolomi, em Belo Horizonte, num grupo de Folia de Reis de Pindaíbas, tocando a sua rabeca por ele mesmo fabricada, num jeito somente seu. Destacou-se, de tal maneira, na apresentação do programa Mineiros Frente a Frente, entre as cidades de Patos de Minas e Pedro Leopoldo, que recebeu, como prêmio da emissora, um relógio de pulso. Prêmio que todos os disputantes, certamente, almejavam. Vestia-se bem a caráter, calça e camisa de algodão tecido no tear caseiro. A boca da calça era amarrada por um cordão de cipó, torneado com pequenos guizos, cujos sons se harmonizavam com os tirados na rabeca.

Não se pode esquecer de Adenil Gomes, artista plástico autodidata, com pinturas surpreendentes.

Em 2002, em caráter experimental, entrou no ar a Rádio Cultura FM-104.5, por iniciativa de várias pessoas da comunidade. Funcionou até 2006. Enquanto esteve no ar, das 5:00h às 19:00h, prestou grandes benefícios ao Distrito e região.

Maria Inez de Amorim, em Esperança… que Espera “Grita  seu grito de dor e independência, ao mesmo tempo que chama a todos nós para uma reflexão profunda sobre nossos valores arcaicos, nossos preconceitos monstruosos e nossas instituições obsoletas”.

As escolas promovem movimentos literários em meios aos alunos, em sala de aula ou extraclasse, para que cada um tome consciência da importância da literatura na vida dos homens.

Edson Soares Nogueira, popularmente conhecido como Piaba, é compositor e cantor de música sertaneja. Adotou o nome artístico de Ed Carrero e tem lançado o disco “Manhã de Primavera”. Já morou em Goiás e, também, faz parte da Folia de Reis de Sapé, de que é capitão. A sua composição mais conhecida é Sina de um Casal, inspirada no fato verídico de um casal que morre, de acidente automobilístico, no dia de seu casamento.

Sanfoneiro, violeiro e cantor conhecido em todas as festas de Pindaíbas e região é Antônio Arruda Filho. A sua filha Márcia Aparecida Soares tem se destacado no Conservatório Municipal de Patos de Minas como meso-soprano, onde também é professora.

A população, principalmente jovem, tem a praça poliesportiva “José Moreira da Mota”, inaugurada em 10 de março de 1991, como principal área de lazer. Nela praticam várias modalidades de esportes, com destaque para futebol de salão, vôlei e basquete.

A comunidade sentia necessidade de possuir algo que projetasse mais o Distrito e chamasse atenção sobre seus valores e sua importância na vida municipal. Também um processo recreativo. Foi assim pensando que Marcelo Lopes Justino, em 1993, presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário, criou a Festa de Pindaíbas. É uma festa social que procura abranger a cultura, sem se esquecer dos valores econômicos e artísticos. A realização se dá nos três últimos dias da primeira semana de julho. Durante as festividades há exposição de arte e artesanato; apresentação de artistas locais, encontros de carros de boi, cavalgada, shows de aeromodelismo; desfile estudantil; bailes de apresentação das candidatas ao título de Rainha da Festa, eleição, coroação e muitas outras novidades. Muito apreciadas são a “Fazendinha”, de Adão Marins; as esculturas de Tião Santeiro, José Luiz Gouveia e José Arruda, e também o desfile cívico na manhã do dia do encerramento.

Quando se fala em esporte, logo se lembra do futebol. Pindaíbas teve o Líder Futebol Clube que participou de vários campeonatos, inclusive no célebre torneio “Peladão”, promovido pela Rádio Princesa de Lagoa Formosa. O futebol não é mais praticado. Asseguram que foi praga de padre. Dizem que estava marcada uma celebração eucarística na Capela de Nossa Senhora Aparecida, para as 15:00h de domingo. Coincidia com o horário de uma partida futebolística do “Peladão”. O padre pediu a mudança do horário do jogo. Não foi atendido. O povo, em vez de ir para a igreja, foi para o campo de futebol assistir ao jogo. O padre fez a celebração no horário marcado. Durante a homilia o celebrante desejou que aquele fosse o último jogo de futebol a ser praticado. Coincidência ou não, desde então, a prática de futebol na Vila entrou em total decadência até desaparecer.

* Fonte e foto: Patos de Minas, Meu Bem Querer, de Oliveira Mello.

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