APENAS UMA SUGESTÃO SOBRE O “NOSSO MILHO”

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TEXTO: RAIMUNDO TAVARES (1977)

Patos de Minas se orgulha, mui justamente, do honroso título de CAPITAL NACIONAL DO MILHO. Nossa FESTA NACIONAL DO MILHO, sem a menor sombra de dúvida está à altura do grandioso título, e é outro motivo de justo orgulho para todos nós.

Todavia, temos que convir fora da Festa do Milho, nada, em nossa cidade, faz lembrar aos forasteiros ou a nós mesmos, que Patos de Minas é a Capital Nacional do Milho.

Explico-me. Os forasteiros que aqui chegam pela 354, pela 365 (vindos de Patrocínio); ou, ainda, os que chegam de Brasília pela estrada Patos-Poções, não veem, nas margens das referidas estradas, nenhuma lavoura de vulto. Podem, por isso pensar ou perguntar a si mesmos: “Onde estarão as decantadas lavouras de Milho de Patos de Minas?”

Apenas os que chegam pela BR-365, vindos de Pirapora, têm a oportunidade de ver, de um lado e de outro da rodovia, grandes áreas de lavouras. Mesmo assim, porém, só do Leal para cá.

Seria a nossa produção de milho apenas um mito? Não. Absolutamente não! Patos produz, realmente, muito milho. Acontece, apenas, que as áreas de produção (ou de maior produção), não estão nas margens de nossas rodovias.

Até aí, tudo certo. Não podemos, evidentemente, deslocar as nossas rodovias para as áreas de produção e nem, muito menos, trazer as lavouras de milho para as margens das rodovias. Nem por isso, porém, estamos impedidos de idealizar alguma coisa. E eu até já pensei em “alguma coisa” que não custaria caro: “algo de novo”, algo de incomum, algo de tipicamente nosso.

Mais uma vez, explico-me:

Passo todas as manhã pela Avenida Getúlio Vargas no trecho compreendido entre a Catedral e a esquina da Rua José de Santana. Há cerca de dois meses venho observando o crescimento de três pés de milho, muito bonitos (apesar de estarmos no período mais forte da seca) que nasceram, cresceram sem nenhum cuidado especial, e já estão pendoados, num dos canteiros de nossa belíssima Avenida. E então eu pensei: Por que não se destinam quatro canteiros, nas proximidades da Prefeitura, ao cultivo constante de milho? Seriam os canteiros semeados (um de cada vez), em quatro meses consecutivos, ou seja, por exemplo, em princípios de novembro, dezembro, de janeiro e de fevereiro; em março seria erradicado o canteiro semeado em novembro, recomeçando-se o ciclo. Assim com uma adubação simples e sem nenhum trato cultural complicado, poderíamos ter, em nossa bela Avenida (inegavelmente o Cartão de Visita da Cidade), quatro canteiros de milho, em diferentes fases de desenvolvimento. Penso que ficaria muito bonita. Aliás, tenho para mim que a EMATER, a AGROCERES (ou ambas) não se negariam a orientar o plantio e o trato dos canteiros.

E, além de bonito, estaríamos mostrando, não só aos nossos visitantes como também aos nossos próprios filhos o nosso cuidado para com o precioso cereal a cuja importância devemos, em grande parte, a projeção do nome de PATOS DE MINAS através do Brasil. Assim, esses canteiros de milho teriam, também, um sentido educativo.

Aqui fica, pois, a minha talvez ingênua sugestão. Que tal a ideia?

* Fonte: Texto publicado com o título “Apenas Uma Sugestão” na edição de 20 de agosto de 1977 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Bonde.com.

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