CULTURA

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Festas de Santana, de Nossa Senhora do Rosário, Folia de Reis e Congado são marcas expressivas de religiosidade, cultura e turismo regional em Santana de Patos. Centenas de grupos folclóricos se reúnem, em outubro, na Praça Jaime Ramos, para celebrar Nossa Senhora do Rosário. São grupos locais, do Alto Paranaíba e do Triângulo Mineiro. Acontece também a tradicional cavalhada, com suas origens nos anos de 1891, com cavaleiros e amazonas desfilando pelas principais ruas da Vila, em uma representação de luta entre mouros e cristãos. O que mais entusiasma a população é a “corrida do Rei” quando, tanto cavaleiros quanto amazonas, saem à procura da Rainha, que se encontra escondida na saída da Vila. Quando localizada, o público toma conhecimento pela queima de fogos. O povo, reunido no Largo da Igreja, ansioso, aguarda a chegada de todos, que serão recebidos com muita saudação. É um período de congraçamento dos santanenses ausentes.

Já não é tão utilizado como dantes o tear caseiro. O distrito teve suas tecedeiras famosas como Eva de Matos, Maria do Zé Leandro, as irmãs Idalina e Diolina Marques. São conhecidos e elogiados os crochês de dona Luíza, Maria Lúcia, Luzia do Zezinho, Zilda, Nilza e os tapetes de Maria Soares e Maria do Toinzinho. Maria Dionísia, Zulmira, Daiane e Lourdinha são reconhecidas como floristas. Apesar de não mais residirem na Vila, destacam-se, nas artes plásticas, os irmãos pintores Belchior e Gaspar Cunha da Silva. Não podem ser esquecidas as pinturas em louça e cerâmica de Terezinha Maria Silva Rodrigues (Teleca) e de Geraldo Sousa, bem como as bijuterias da moda criadas por sua irmã Beatriz. Destaque para restauração de imagens cabe a Ana Maria de Castro Simão.

Em 1965, Santana de Patos serviu-se de palco, juntamente com o município de Lagoa Formosa, para filmagem de Grande Sertão (adaptado do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa), com roteiro e realização dos irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira, numa produção da Cia. Cinematográfica Vera Cruz. Além das Prefeituras de Patos de Minas e de Lagoa Formosa, tiveram apoio de Mário Garcia Roza e contaram com a participação de várias pessoas dos dois municípios, que contracenaram como pontas, inclusive crianças. Foi uma época de muita movimentação na Vila, apesar dos artistas e principais participantes se hospedarem em Patos de Minas, no Roza Hotel.

A literatura teve suas origens com a fundação do jornal Correio das Penas, em 1918. Heráclito Amaral, José Pedro Ferreira da Silva e outros, através de suas colunas, puderam manifestar os seus pendores literários. Maria Carmem Amorim Ximenes (Carminha Ximenes), escreveu “Maridos na Berlinda”, uma coletânea de crônicas com surpreendente riqueza de temas, com um texto enxuto e preciso, de forma agradável. Ela já nasceu adulta em seu livro de estreia. Também escreveu um livro infantil, “Zezinho no Hospital”, um trabalho que encanta até aos adultos. Padre Dercílio Rodrigues Braga é autor dos livros “Uma Vocação Edificada no Amor, na Misericórdia, no Perdão e na Graça de Deus”, “E o Vento Levou… o Campo Alegre da Minha Infância” e “Tudo Passa, só Deus Permanece”. São livros que o autor fala de sua vocação sacerdotal, de sua infância, de sua família e de seus amigos da terra natal, a comunidade de Campo Alegre e de pessoas de seu convívio. Manoel Mendes do Nascimento, o Pompéia, é autor de “Farroupilha, 25 anos de História”, e, em parceria com Donaldo Amaro Teixeira, “Histórias Que Até Parecem Estórias”. Há ainda o livro “Um exemplo de Vida”, publicado pelos filhos de Teleca (Dirceu, Abadia e Nancy), com farta ilustração e testemunhos a respeito da vida da homenageada.

A música sempre esteve presente na vida santanense. Com maior repercussão através de suas bandas. Destaques para as Bandas do Maestro Oscar Pereira Braga; a do Maestro Miguel Amaral, Banda de Música São Vicente (1926); a do Maestro Diomar Simão e a de Alceu de Souza, União Santanense, fundada na década de 1940, que deixou de funcionar nos anos 1970. Depois ele criou a Music Jazz, uma orquestra para animar os bailes e as horas dançantes, já nos idos de 1950. Em sessão de 02 de agosto de 1951 era apresentado projeto de lei, na Câmara Municipal, concedendo subvenção à Corporação Musical de Santana, sem nenhuma outra referência.

Outrora, a juventude se divertia com horas dançantes, animadas pela orquestra Music Jazz, na década de 1950. Eram mais comuns as suas realizações na denominada Casa da Prefeitura, onde funcionava o motor diesel para iluminação. Era usual a apresentação teatral na escola, organizada pelos professores e alunos. O “Estado de Minas”, de 05 de outubro de 2002, em sua coluna “Paisagens Mineiras”, registra: “A Vila de Santana de Patos, tem na Praça Jaime Ramos uma de suas mais importantes referências de encontro e lazer. É nos bancos e gramados do local, batizado com o nome do pracinha, que serviu às Forças Armadas na 2.ª Guerra Mundial, que a população se encontra no entra-e-sai da escola, do trabalho, da missa. Antes chamada de Praça da Matriz, a importância da área está intimamente ligada à vizinha Igreja de Santana, tombada pelo município em 1998”. Os habitantes costumam pescar e passear às margens do Rio Espírito Santo e do Paranaíba, que passam bem junto à sede distrital. Quando o cerrado ainda não havia sofrido a devastação de hoje, formavam-se grupo de pessoas, de todas as idades, e saíam para chupar gabiroba, apanhar araticum, cajuzinho-do-campo, araçá, mama-cadela, gravatá, bacupari, cagaita e outras. Muito usual era a frequência aos pagodes realizados nas fazendas, quando eram convidados os habitantes da Vila. Os tempos mudaram. Quase todo mundo tem sua televisão em casa, afora os bate-papos nas portas, nos botecos, enquanto a criançada brinca de bola nas ruas.

O esporte mais praticado pelo mundo masculino é o futebol que, na década de 1960 foi movimentado, com acirradas disputas locais e até mesmo com times vizinhos. O campo de futebol passou a ser conhecido como Campo da Coruja, em razão da quantidade desse tipo de ave lá existente. Os principais times eram Sociedade Esportiva Santanense; o CARPE, time dos estudantes; o DER, dos funcionários dessa autarquia do Estado; o Juvenil e o Time da Foice, formado por batedores de pasto. Houve animados jogos entre os times locais e entre Mamoré e URT e também de times de Carmo do Paranaíba. Ficou célebre o torneio “Peladão”, promovido pela Rádio Princesa de Lagoa Formosa, com o nome de Teia, tendo sido até irradiado. Na atualidade, com a construção de quadras esportivas, surgiu com mais força e atuação, em substituição ao futebol de grama, o futebol de salão e com participação ativa da juventude feminina, que realiza torneio com times de Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia e até de Uberlândia. Nos fins de semana ainda há prática de voleibol e handebol. De vez em quando realizam torneio estudantil.

* Fonte e foto: Patos de Minas, Meu Bem Querer, de Oliveira Mello.

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