CIRANDAS DE RAFAEL GOMES DE ALMEIDA – I

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Patos de Minas, também tem seus problemas. O asfalto que está sendo feito em nossa terra, em determinadas ruas, não pode ser chamado de calçamento. É mais um tipo de bota que o nosso roceiro usa para cuidar de gado e proteger a sua roupa tão desprotegida. O caso a ciranda explica: Não é asfalto é uma bota, que se explica na rima: Põe-se um “s” no meio e este corre por cima! (15/05/1980)

O movimento para termos um executivo composto de mulheres está ganhando terreno em nossa cidade. É impressionante a quantidade de pessoas que, querendo mudar os rumos e os destinos de nossa cidade, está aderindo ao movimento: Quando a mulher se emPENHA e diz que isto não pode, Elvira Porto responde: Terezinha de Deus, me acode! (31/05/1980)

Os nossos produtores estão reclamando das estradas municipais, ligando às suas fazendas. Teve um que me falou que a estrada é tão ruim, que só passa carro pesado. Eu não entendi, porque estrada ruim só passa carro pequeno. Aí o fazendeiro me explicou: Olhe “seu” moço acredite no jeito que o caso foi, só passa carro pesado, mas se for carro de boi! (31/05/1980)

Quem visita Patos, tem a impressão nítida de que o fosfato da Rocinha é tirado de nosso asfalto, porque não existe uma só rua que não tenha crateras. É por isto que eu gosto de cirandar: Buracos são sepulturas, das ruas monumentais, aonde os jovens patenses enterram seus ideais! Deixem os buracos abertos, pois eles serão lições à geração do presente e às futuras gerações! (15/06/1980)

No jornal que passou sobre as Folias de Reis de nossa região, e que, infelizmente, não assisti, contaram-me que quando os foliões chegavam nas casas dos ricos, as madames corriam trazendo dinheiro e sendo filmadas. Nas casas dos humildes, sem saber da filmagem, estava a mesa farta para alimentar os foliões da caridade. Imagem triste de uma cidade que está perdendo até a imagem. E é com tristeza que se canta na ciranda: Realidade cruel, num ato que é tão nobre; dá-se uma esmola correndo, pra ficar livre do pobre! (15/06/1980)

A nossa região está cheia de gente reclamando dos prefeitos. Se a memória não me falha, o prefeito de Lagoa Formosa está muito bem visto pelos munícipes e Presidente Olegário está satisfeita com seu Prefeito. Já no Carmo do Paranaíba a coisa anda tão esquisita que algumas pessoas falam em trocar o prefeito, mas abrem uma ressalva: Quando se perde a cabeça até o sangue nos ferve: queremos um outro prefeito, mas o de Patos não serve! (30/06/1980)

Nas andanças que a gente vai fazendo, sempre existe um patense perdido por este Brasil afora. Curioso que todos querem saber notícia da terra e quando a gente fala que a cidade vai mais ou menos, existe quem argumente: – Mas estão fazendo tantas casas e a cidade está mais populosa. Aí a gente entra na roda e começa a cirandar: O crescer da demografia com a cidade é igual, pois tanto um quanto o outro só crescem na horizontal! (30/06/1980)

O que há de bom na ciranda é que ela permite traduzir a fala do povo, resumindo os anseios e repetindo o folclore ou criando cantigas novas. Assim é que se fala que Patos já tinha DDD mesmo antes da TELEMIG. Era um DDD de administração, de divulgação que a ciranda canta na roda: TELEMIG chegou tarde, porque antes era assim, o DDD do patense é Dácio-Dilza-Delfim! (30/06/1980)

Outra história triste que a imprensa precisa registrar. Saiu a concessão “Patos-São Paulo”. Luta de muita gente. É triste a missão de jornalista no interior. O José Maria Vaz Borges gritou, falou, xingou e fez de tudo em favor de determinada empresa. Bobagem do Zé Maria. Jornalista tem que se limitar aos fatos e não tomar partido. Aí é que entra a ciranda: É caro, é caro demais o preço deste progresso: os loiros vão para poucos e para o Zé, um processo! (30/06/1980)

* Fonte: Revista A Debulha, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Musiqueducando.com.

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