JÁ ESTÁ DANDO PARA ASSUSTAR

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1980)

Patos de Minas já não é mais aquela cidadezinha provinciana de nossos bons tempos de criança, quando à tardinha, os vizinhos se reuniam nas calçadas, para alegres “bate-papos” que se encerravam por volta de nove horas da noite, quando todos se recolhiam às suas casas.

Não é mais aquela pequena cidade, onde todos se conhecem, onde ninguém se cruzava pelas ruas sem se conhecer, sem saber as origens um do outro, sem saber onde morava cada um. Hoje, saímos às ruas, entramos nos bancos, nos estabelecimentos comerciais e deparamo-nos com centenas e centenas de pessoas que não conhecemos, que não sabemos de onde vieram nem para onde vão e o que é pior de tudo, não sabemos se será alguém que merece a nossa confiança, ou alguém que aguardará apenas o nosso descuido ou o nosso sono, para nos lesar, para nos roubar, para nos assolar.

Vivemos e sentimos já, os problemas das cidades grandes e é isto que começa a nos assustar. De poucos dias para cá aconteceram coisas às quais não estamos acostumados e que pedimos a Deus, não chegue o momento de termos de nos acostumar a elas, mas que, antes disso, haja uma pronta ação por parte dos poderes competentes, para coibi-las.

Há poucos dias, segundo corre pela cidade, altas horas da noite e fora do perímetro urbano, um casal foi vítima de um assalto a mão armada e a moça inclusive foi levemente ferida a bala.

Logo depois, soubemos de um fazendeiro, que iludido na sua boa fé, foi vítima de um estelionatário que lhe preencheu um cheque, deixando espaços, para uma posterior adulteração de valor.

No último dia 11, a cidade despertou com a triste notícia do assalto mais audacioso e de maior vulto, aqui ocorrido. De madrugada, indivíduos utilizando-se talvez de um moderno ou pelo menos, eficiente instrumento, cortaram a porta de aço da tradicional Relojoaria Ômega de propriedade de nosso amigo e companheiro  Bolivar de Barros (Duque), penetrando por aquela pequena “janela” e levando relógios, brincos, colares, pulseiras e outras jóias, num valor aproximado de doze milhões de cruzeiros.

Duas noites depois, uma parte da população despertou de madrugada, com o estampido de uma bomba, colocada na janela de uma casa da Rua Farnese Maciel, no trecho ainda conhecido, como “Rua dos Crentes”. A janela estilhaçou-se toda e por sorte, não houve vítimas. Não sabemos, até quando redigimos estas linhas, a origem do ato. Terrorismo? Vingança? Molecagem apenas?

A população espera confiantemente, que as autoridades competentes tenham uma ação pronta e eficiente, para que sejam apuradas as responsabilidades e punidos os culpados.

Reconhecemos as dificuldades hoje existentes, conforme afirmamos no início, mas também sabemos que os recursos da Polícia tanto Militar como Civil, são também maiores e melhores que os de antigamente, e esperando que eles sejam usados convenientemente, esperamos também, voltar a viver os dias tranquilos de outras épocas.

NOTA: A coluna “Comunicando” de José Afonso, no número 11 da mesma revista, de 15 de outubro, informa:

E a manhã do dia 8 de outubro chega com outra notícia de assalto em Patos de Minas. Desta vez o local “visitado” foi a sede do Núcleo Microrregional de Empregos, situada na R. Major Gote, 1.111, em pleno centro da cidade. Assaltantes (supõe-se que havia mais de um) conseguiram levar 16 máquinas de escrever OLIVETTI (novas) pertencentes ao SENAC e que lá estavam devido ao Curso de Datilografia ora ministrado, e mais uma máquina de marca IMB, de propriedade do Núcleo. Para entrar na casa, os ladrões arrombaram uma janela nos fundos, abrindo a porta da cozinha posteriormente, por onde levaram as máquinas, deixando outras no quintal e no interior da própria casa. Não levaram todas. Prejuízos vão pra mais de 450 mil cruzeiros. Assaltantes praticamente não deixaram pistas. Cidade toda comenta a onda de grandes assaltos. População, evidentemente, não está nada tranquila com isso. Muito pelo contrário. Todos acham que Patos de Minas está sendo muito visada ultimamente, por verdadeiros “profissionais” neste tipo de coisa.

* Fonte: Texto publicado no Editorial da edição n.º 10 da revista A Debulha, de 30 de setembro de 1980, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Pveventosnoticias.blogspot.com.

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