BICICLETAS, NOVA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA E CULTURA

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: MURILO CORRÊA DA COSTA (1980)

Nos últimos trinta dias duas pessoas perderam a vida em plena via pública e por desgraçada coincidência, ambas estavam montadas em bicicletas. Culpa delas?  Não sei por que não estava presente e não vi mas, meus amigos, a sistemática inobservância das regras de trânsito por parte dos ciclistas somada à imprudência de muitos que dirigem carros resulta nas tragédias que estão ocorrendo a intervalos cada vez menores. Há anos venho procurando sensibilizar as autoridades para o grave problema do trânsito em Patos, insistindo na necessidade de uma campanha educativa permanente que atinja todos os segmentos da população. Não sugiro, como nunca sugeri que se apliquem multas ou que sejam apreendidas as bicicletas que estejam transgredindo as regras de trânsito. Minha sugestão tem sido de que após vários meses de campanha, os guardas de trânsito comecem a fiscalizar as bicicletas impedindo que trafeguem na contramão e que desrespeitem os sinais, apenas fazendo-os voltar e chamando-lhes a atenção. Há quem pense que sou contra as bicicletas quando, na verdade, sou contra a morte dos ciclistas em plena rua. É preciso botar um paradeiro nesta situação e, mais uma vez apelo para as autoridades no sentido de que assumam suas responsabilidades no caso do trânsito em nossa cidade.

Finalmente, dia 24 de setembro de 1980 às vinte horas, foi assinado o convênio entre Prefeitura de Patos e DER para a construção do Terminal Rodoviário de nossa cidade. Esteve presente o nosso caro conterrâneo e rotariano Eli Pinheiro que assinou em nome do DER. É preciso que saibam que o Eli tem feito tudo que é possível para beneficiar nossa cidade e região e tenho absoluta certeza de que, discretamente, sem alarde e sem medalhas o Eli ainda fará muitas coisas em favor de sua Patos de Minas. Também Lagoa Formosa e Presidente Olegário estão sendo beneficiadas com a próxima construção de suas estações rodoviárias e ainda, graças aos esforços e ao interesse do Eli e do Wando Borges também rotariano, modéstia à parte. O fato, meus amigos, é que não estamos tão sem padrinho como costumamos dizer. O que nos tem faltado é diligência, é vontade de trabalhar porque nós temos estes dois homens que são sensíveis aos nossos reclamos. Vamos pedir o que for possível e haveremos de receber.

Nossa brilhante juventude está em grande e profícua atividade artística contrariando opiniões de alguns mal informados que simplesmente ignoram o que vem sendo feito em nossa cidade. Temos teatro da melhor qualidade, temos cantores excelentes, temos Studio de Ballet, Escola de Música, Grupo de Seresta, etc., e nosso nível cultural continua baixo porque ainda não temos FM para ouvir música de boa ou má qualidade. Ora, querem saber de uma coisa? Vamos continuar trabalhando que estamos no bom caminho. Até Palco Móvel já temos e é uma iniciativa de enorme valor cultural e social. Insistir minha cara Maria Célia, não é falta de “vergonha na cara”. É ter fibra, é ter amor à arte, é ser como você Maria Célia, uma criatura admirável e admirada, tenho certeza. Você sabe que as dificuldades existem e precisam ser enfrentadas e estão sendo enfrentadas e vencidas. Não vamos desanimar, não vamos ensarilhar armas, não vamos arriar bandeira e nem vamos ficar de cócoras chorando lágrimas de esguicho. O que temos de fazer é exatamente o que você e seu Grupo Gruta estão fazendo, o que está fazendo Rosana Romano, o que está fazendo Cristina Garchet, o que está fazendo o Prof. Alino, o que estão fazendo nossos cantores, enfim, minha cara Maria Célia, vocês todos estão fazendo um trabalho admirável, maravilhoso e que, com o tempo e com a fibra de você, haverá de vencer. Bola pra frente e pé na tábua, moçada.

* Fonte: Texto publicado na coluna “O Periscópio” da edição n.º 10 da revista A Debulha, de 30 de setembro de 1980, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Universoespirita.blogspot.com.

Compartilhe