VERBA PARA A NOVA RODOVIÁRIA

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

Com a presença de autoridades, representantes de clubes de serviço e entidades de classe, imprensa local e outros convidados, foi realizada no último dia 24 de setembro, a solenidade de assinatura do convênio entre a Prefeitura Municipal de Patos de Minas e o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER), para liberação da verba que será empregada na construção da nova rodoviária da cidade.

Prefeito Dácio Pereira da Fonseca falou sobre a simplicidade e informalidade da reunião, como convém aos mineiros e lembra que a família do DER está traumatizada, devido ao acidente aéreo que vitimou cinco engenheiros e que impediu a realização da cerimônia na data anteriormente marcada. Prefeito Dácio anuncia a presença do Patense Dr. Hely Pinheiro, vice-diretor do DER, para a assinatura do convênio para construção do futuro Terminal Rodoviário de Patos de Minas.

Na oportunidade, e antes da assinatura propriamente dita, o prefeito agradeceu ao Dr. Hely, “de forma sincera e penhorada, pelo trabalho extraordinário que ele tem feito, não só por Patos de Minas mas por toda região”. O Prefeito, na oportunidade entregou uma placa de prata ao Dr. Hely Pinheiro, como reconhecimento, em nome da cidade.

Jornalista Oswaldo Amorim solicitou a palavra e disse: “Eu gostaria de destacar a importância da construção dessa rodoviária. Em si mesmo ela é altamente importante, mesmo porque com o passar do tempo a atual rodoviária foi ficando decrepta, suja, imunda e prestando quase que um deserviço à população. Enfim, a qualidade do serviço foi caindo assustadoramente e, com isso, a necessidade da nova rodoviária assume neste momento. Mas há algo mais que eu gostaria de destacar também, é que a nova rodoviária vai propiciar a melhoria de uma grande e importante faixa da cidade que é a região da Lagoa Grande ou Lagoa dos Japoneses. Ela vai iniciar um processo de urbanização ali, inclusive transformando a antiga lagoa, que é fonte de problema, porque a cada nova chuvarada, a cada nova cheia há inundações no local, inclusive deixando famílias ao desabrigo, transformando o problema em solução, ou seja, transformando a lagoa em local aprazível, e de recreio, como é a Lagoa da cidade de Lagoa Formosa para os Lagoenses. Local devidamente urbanizado. A própria rodoviária, além de ser solução de um problema angustiante, será um forte fator de indução do crescimento e da melhoria urbana, com o desaparecimento dos atuais casebres para ceder lugar aos prédios, tudo graças ao projeto da nova rodoviária. Há também a vantagem de maior espaço para o tráfego, além de levar para uma área periférica o pesado trânsito do centro da cidade”. Concluindo, o jornalista Oswaldo Amorim destacou também os grandes serviços prestados pelo Dr. Hely Pinheiro em Patos de Minas, inclusive na rodovia Patos/Presidente Olegário, juntamente com a grande ajuda do Dr. Vando Pereira Borges (Secretário Geral do Ministério dos Transportes).

Em seguida o prefeito Dr. Dácio Pereira da Fonseca anunciou a palavra do Vice-diretor do DER, Dr. Hely Pinheiro, que após cumprimentar os presentes assim se expressou: “Antes, eu queria justificar, se bem que assim o Dácio já o fez, da minha não possibilidade de estar presente aqui, quando marcamos aquela nossa visita semana atrasada, por motivo do conhecimento dos senhores, que a família rodoviária mineira e brasileira foi atingida profundamente com a perda dos nossos queridos companheiros e amigos do Departamento de Estradas de Rodagem. Quanto ao convênio que ora assinamos, há uma participação do Departamento para 1980 de 5 milhões de cruzeiros. O DER, através do ISTR (Imposto Sobre Transporte de Passageiros e Cargas), vem fazendo sucessivos convênios, preocupado que está com a segurança dos usuários dessas rodoviárias. Vem investindo a maioria desses recursos, a sua parcela do ISTR em terminais rodoviários. Para o próximo ano, como é do conhecimento dos senhores inclusive, nós atravessamos no momento um período muito difícil economicamente. Isto, é claro, atinge o País, Minas Gerais e, porque não, profundamente o Departamento de Estradas de Rodagem, que é um órgão que dentro da teoria dos planejadores gasta muito. Temos realmente que gastar. Mas, apesar disso, ficará o melhor dos nossos esforços, um compromisso pessoal meu, de tentar o máximo possível para que possamos então, no ano que vem, dotar mais e maiores recursos para o Terminal de Patos de Minas. Agora, quanto ao aspecto da placa que o Dácio, em nome da coletividade de Patos me ofertou, sinceramente eu a recebo com o maior prazer, a maior emoção e a maior alegria. Mas, solicitaria dele e de todo o povo de Patos, que também isso fosse transferido para mim e para toda a equipe do Departamento que trabalha conosco, não só os nossos engenheiros funcionários e também os empreiteiros que finalmente são os que executam as nossas obras. E terminando, deixo aqui o meu abraço e o meu muito obrigado”. Na sequência, o Prefeito Dácio Pereira da Fonseca convidou várias pessoas presentes para também aporem suas assinaturas no contrato de convênio, ao mesmo tempo em que divulgou os dados mais importantes do mesmo. O Prefeito também colocou à disposição dos presentes, para informações, os Drs. Edilson e José Eustáquio Simões, dois técnicos que estão trabalhando no projeto. Foi feita então uma exposição geral do aspecto técnico e funcional da nova rodoviária que será sobretudo bastante funcional, tendo 10 blocos para embarque e 4 para desembarque, embarque para táxis e somente 15 lojas comerciais, área coberta de 5.175 m², entre outras coisas.

O Presidente da Associação Médica de Patos de Minas, Dr. Carlos Martins, solicitou a palavra: “O fato é o seguinte: nós temos uma máquina burocrática sempre emperriada e que poderia levar essas verbas a exercício fino, no ano que vem então começaria novo trabalho para chegar lá. Há uma certeza de que temos possibilidades de aproveitar essas verbas ainda este ano, já que estamos no fim do período?” Prefeito Dácio respondeu: “Dr. Carlos, eu acredito que esta disponibilidade será colocada à nossa disposição. Inclusive, da parte do DNER o financiamento não foi só para a execução de obras, mas também, para ante-projeto. Então, o convênio já está assinado e, esta tramitação para o recebimento do empenho, isto no que diz respeito ao DNER. Quanto ao DER, o Dr. Hely teria melhores condições de dizer. Agora, quanto a verba federal eu tenho alguma insegurança porque esta burocracia na realidade entrava tudo. Este convênio com o DNER está tramitando desde março e, há questão de dois meses quando veio esta minuta, nós tivemos que fazer uma alteração no que diz respeito à participação da Prefeitura que, pelo convênio com o DNER, entraria com 10 milhões 386 mil cruzeiros, importância esta que não seria repassada ou investida em dinheiro, mas com o terreno já existente e infra-estrutura lá. Então, como isto não constou do convênio eu solicitei que constasse, para que não houvesse dor de cabeça futuramente. Eu acredito que nós teremos este dinheiro em condições de aplicá-lo ainda este ano, se Deus quiser. Nosso prazo acredito que é bastante folgado, 3 meses, para esta tramitação, eu acredito que seja suficiente”.

O Vereador à Câmara Municipal José Simões colocou em pauta a questão das casas populares prometidas e que ainda não foram iniciadas e disse esperar que com a nova Rodoviária não aconteça a mesma coisa. O Prefeito Dácio esclareceu o problema envolvendo o anunciado conjunto habitacional de Patos de Minas (assunto que o nosso COMUNICANDO enfocará posteriormente).

Como mais ninguém solicitou a palavra, o Prefeito Municipal, Dácio Pereira da Fonseca, agradeceu a todos os presentes e encerrou a reunião.

NOTA: Na coluna O Periscópio, edição n.º 12 da revista A Debulha, de 31 de outubro de 1980, Murilo Corrêa da Costa faz o seguinte comentário:

Fui informado de que desde o dia 14 do corrente está depositada no Banco do Estado, Agência de Patos de Minas, a primeira parcela de 1 milhão de cruzeiros destinada à construção do prédio da Rodoviária. Isto significa que da parte do DER, isto é, do Eli Pinheiro o prometido está sendo cumprido. Há um pequeno porém no caso: os estudos do solo ainda não foram feitos e pelo que sei também o DER dará mais esta colher de chá para a cidade. Este detalhe prova que a indignada “empresa romma” não passava de uma arapuca e que só os nossos governantes não sabiam nem desconfiaram… Cândidos!

* Fonte: Texto publicado na coluna “Comunicando em Destaque”, de José Afonso, na edição n.º 11 da revista A Debulha, de 15 de outubro de 1980, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Noticias-acores.blogspot.com.

Compartilhe