RIFAS DE CHAVES DE CARROS: BRINCANDO COM O POVO

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A2TEXTO: JOSÉ MARIA VAZ BORGES (1977)

Patos de Minas é mesmo uma terra em que todos os “exorcismos” não deram conta de fazer subir o espirito do “CUBÚ”.

O velho adágio de que “o que não acontece em Patos de Minas, não acontece em nenhuma outra parte do mundo”, nunca esteve mais atualizado… Ainda agora surgiu a onda das RIFAS DE CHAVES DE CARROS. Todo mundo quer mandar fazer suas mil e quinhentas chaves para colocá-las a venda com fins nem tanto humanitaristas, tirando, é claro, a honestidade de algumas organizações sem fins lucrativos, que não vamos citar, porque as respeitamos e sabemo-las merecedoras do nosso carinho e apreço. No entanto, até para se pagar dividas de campanhas eleitorais já se fizeram rifas de carros, sem a devida autorisação do Ministério da Fazenda como o é exigido.

Ainda agora surge o mais novo escandalo na santa terra do imortal espirito do CUBÚ. Mais de um milhar de chaves foram vendidas a Cr$ 100,00 cada. Deveria render para nossa querida agremiação esportiva uma certa quantia em dinheiro para se fazer fundos para manutenção de nossos craques que, no gramado verde (que não é da roleta) defendem o nome de nossa terra. Até aí, tudo bem. Mas, na afoiteza da facilidade dos cem cruzeiros  de cada um que, somando-se daria Cr$ 150.000,00, havia os espertinhos que queriam “ganhar” o Chevet, o Fiat, o Corcel, ou sei là que outro tipo de carro 0 QUILÔMETRO. O certo é que a vox populi está a dizer que ouve MARMELADA da grossa e que o caso pode estourar na policia se o carro não for entregue ao seu “legitimo dono”, que, com “apenas cem cruzeirinhos” teve a “sorte” de ter um zerinho…

No amontoado de vozes discordantes dos métodos usados para se amealhar fundos para manutenção do “renome esportivo” de nossa terra, estão mais de mil pessoas lezadas na sua vontade de ter um carrinho zerinho, e que chiaram nas cem pratas.

E como vai ficar o caso? – Como se comportarão as autoridades diante da avalanche das chaves que ainda estão sendo vendidas, até com a exploração de nomes de pessoas que humanamente, se prestam ao papel de apoiar uma irregularidade que lhes poderá custar dores e muitas dores de cabeça?

Não se pode culpar, portanto, somente o espirito imortal de CUBÚ que, quando encarnado somente pode conhecer e ouvir o eixo da aroeira dos carros de bois da então Santo Antonio dos Patos, redivivo, está aí, espiritualmente, fazendo renascer através das RIFAS DE CHAVES DE CARROS, o chiar, não dos eixos dos carros de bois, mas o chiar de mais de um milher de pessoas que foram lezadas na sua boa fé ao ajudar uma agremiação” que aprendemos a amar pelo tempo em fora.

Assim é a terra do CUBÚ. Um dia lançaram na praça as ações da DEMIPA e o dinheiro sumiu e a DEMIPA ninguém viu… Agora, lançam na praça as chaves, e o dinheiro que se prestaria para pagar dividas não aparece. Ainda bem que apareceu um “São Jorge” ou melhor, um JORGE SILVA para salvar a pátria e, quem sabe o dinheiro da venda de seu passe, vai dar para pagar o cheque frio que está em poder da revendedora do carro “premiado” e outras dividas por ai…

Assim é a vida, na “TERRA DO CUBÚ”. Uns são presos porque roubam uma galinha; outros são guindados aos píncaros da glória, porque sabem “manejar” as “Chaves da Fortuna”…

* Fonte: Texto publicado na edição de 03 de setembro de 1977 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Globosigns.com, meramente ilustrativa.

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