COLIBRI MENSAGEIRO, O

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No mês de setembro de 2013 ocorreu um caso misterioso no Bairro Jardim América. As pessoas que o presenciaram estão impressionadas com a atitude de um colibri frequentador assíduo de uma mercearia de frutas, verduras e legumes localizada no Rua Ildefonso Bernardes. No alto de uma das portas de aço daquele estabelecimento comercial, a mãe do proprietário mantinha um daqueles pequenos vasilhames cuja base é uma flor artificial tendo no seu interior uma solução de água com açúcar que atrai não só colibris como também um pequeno pássaro de peito amarelo conhecido popularmente por caga-sebo.

A senhora possuía uma energia invejável para a sua faixa etária. Mesmo não necessitando, pois sua aposentadoria e o zelo dos filhos lhe garantiam uma vida saudável, cuidava com muito carinho de sua horta de ervas que fazia questão de vender no comércio do filho localizado à distância de dois quarteirões. Era seu passatempo, assim como trocar diariamente a água açucarada do vasilhame para que os pássaros, principalmente um colibri azul-metálico que era o seu favorito, visitassem o local para trazer sorte, como sempre dizia.

Toda as vezes que o colibri azul-metálico visitava a loja, pelos menos umas dez vezes por dia, a senhora dizia a seu filho, à sua nora e netos: – Este colibri é abençoado, ele traz sorte para vocês e para seus amigos e clientes, cuide bem dele e não deixe ninguém ameaça-lo. Os clientes ouviam, sorriam e ficavam encantados com o zelo da senhora fazendo questão de apreciar as idas e vindas daquela minúscula ave. Assim várias luas se foram com o tempo trafegando pelos trilhos da vida de maneira adequada para aquela família.

Até que um dia a senhora demonstrou um desconforto físico. O filho então recomendou que ela fosse para sua casa e ficasse em repouso, sem mexer na horta e que se sentisse alguma dor deveria ligar imediatamente. A mãe atendeu ao filho e foi para casa. Pouco tempo depois, questão de hora e meia, o colibri azul metálico surgiu como uma bala loja adentro, coisa que ele nunca havia feito. Inicialmente aquela atitude não despertou a curiosidade de ninguém. Somente minutos após é que um cliente reparou que o pequeno pássaro estava voando loucamente pelo interior da loja e que por várias vezes saia e ficava planando à porta como que querendo ser acompanhado. Então, o filho parou para verificar. Foi quando percebeu um caga-sebo de um peito amarelo reluzente como ouro, planando ao lado do colibri. Os dois então começaram a voar pelo interior da loja, saiam e voltavam instantes depois e ficavam planando à entrada. Quando o filho resolveu chegar à porta, eis que o colibri azul-metálico saiu voando em disparada rumo à casa da senhora. O caga-sebo ficou, pousado num monte de caixas. O filho, sentindo uma sensação estranha, partiu também em disparada à casa de sua mãe. Quando lá chegou, viu o colibri planando no alpendre, esperando-o. Desembestadamente entrou na casa e deparou com sua mãe estirada no chão: estava morta.

Naquele dia o comércio do filho esteve fechado. O velório durou a noite toda e o enterro aconteceu na manhã do dia seguinte. E neste dia também, a mercearia manteve as suas portas fechadas. Quando estas foram reabertas, o filho e sua esposa se depararam com uma cena chocante: bem no interior da loja estava estirado no chão o colibri azul-metálico, e ao seu lado, como que lhe prestando honras fúnebres, o caga-sebo de peito amarelo reluzente como ouro. Este, sem demonstrar medo, foi pousar no balcão. O filho pegou o colibri morto e o colocou no balcão. A outra ave encostou-se a ele, olhou para cima em direção aos dois seres humanos e num gesto brusco saiu voando porta afora. Foi a última vez que ela foi visto por lá.

As pessoas envolvidas no sinistro fato não se cansam de comentar sobre a atitude premeditada do colibri azul metálico em querer avisar que a senhorinha estava tendo algum mal de saúde grave. E o filho, mesmo com a veemente negativa de todos, acredita que, se por ventura tivesse percebido com mais rapidez a intenção da pequena ave, poderia ter salvo sua mãe. O que ninguém consegue compreender é o porque do pequeno pássaro ter morrido. Também não compreendem o aparecimento do caga-sebo e aquele olhar tão profundo antes de partir e nunca mais voltar.

Uma semana depois, um fato extraordinário: surgiu na mercearia um colibri azul-metálico. Assim, durante um ano, a pequenina ave agiu como o outro da sua espécie, até que se foi e nunca mais voltou. Juram de pés juntos os envolvidos que era o mesmo colibri e que um dia vai voltar novamente.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Pessoas envolvidas no acontecimento.

* Foto: Proyectoazul.com, meramente ilustrativa.

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