FIM DA FEIRA LIVRE EM PATOS, O

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FEIRATEXTO: JOSÉ HUMBERTO LOPES (1978)

Surpreso e até certo ponto decepcionado, recebi a seguinte notícia: comissão da feira-livre vê impossibilidade do funcionamento dela em Patos, porque a região não possui condições de abastecer o mercado. Sabe, analisando bem, nossa cidade atualmente não possui produtores suficientes para esta tarefa, pois quem é louco de plantar alguma coisa apenas para levar prejuízo. Agora dizer que não temos condições de abastecer a cidade, isto dá prá duvidar, nossa cidade pode se considerar privilegiada, possui extensas áreas próprias para o plantio de hortaliças, mas como disse antes, plantar sem apoio, isto ninguém fará. Veja os exemplos: um roceiro traz uma caixa de tomates para vender, chega aqui, poucos querem adquirir seu produto, pois os que vem de Uberlândia lhe convém mais, e assim o nosso produtor sai perdendo e me pergunte se ele terá coragem de plantar mais tomates.

Com a desistência de se fazer a feira-livre, nós perdemos a chance de ajudar o nosso pequeno homem do campo, porque a feira faria com que ele se entusiasmasse pela vida rural, pois ele teria lucros com seus produtos, além do mais poderia abrir os horizontes da industrialização e consequentemente da exportação.

O que falta a Patos? Temos terra, gente, mas falta o apoio de alguém. Que tal formarmos um sistema tipo cooperativa, talvez seja um sonho, mas se não fizermos nada agora, passaremos a vida inteira sem poder fazê-lo.

A nota recebida, falava também sobre a construção de um local tipo CEASA onde o produtor reunia e vendia seus produtos. Agora eu pergunto: um sujeito que trabalha a semana inteira terá condições de ficar dentro de uma lojinha vendendo alguma coisa? Se ele quiser fazer isto basta comprar uma no mercado. O que ele precisa é de poder vender diretamente ao consumidor, o dia que bem lhe convier. Por isso a feira poderia funcionar algumas vezes por semana, já que como disse anteriormente o produtor não tem condições de vir todo dia à cidade.

Mas o que se pode fazer, afinal o povo não quer saber de verdura, pois não apoiou a comissão de implantação da feira-livre, e esta por seu turno não conseguiu se desvencilhar das garras do interesse de grupos contrários a este evento. O jeito é esperar e ver se acontece um milagre e talvez possamos ver um pequeno roceiro sair satisfeito da cidade após vender o fruto de seu suor de cada dia.

* Fonte: Texto publicado na edição de 06 de julho de 1978 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Danbrazil.wordpress.com, meramente ilustrativa.

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