MÁ EDUCAÇÃO NOS CLUBES SOCIAIS EM 1978

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TEXTO: FOLHA DIOCESANA (1978)

Dia 7 deste tivemos a surpresa de receber a visita de dois cidadãos ligados à área de lazer aqui na cidade de Patos de Minas.

A sua visita estava ligada a uma preocupação bastante séria e desagradável: A pouca educação de pais e de filhos que frequentam os clubes de nossa cidade e região.

A sua primeira reclamação se relaciona ao desrespeito a normas e regulamentos dos clubes. “Somos convidados para um baile e se exige traje a rigor, alguns vão obedecendo a exigência, mas isso não se observa e se permite a entrada de qualquer maneira. E se fosse só isso não teria muita importância, o problema é que em certa altura do baile há até o desrespeito pelas pessoas presentes, pois os mais extrovertidos acabam tirando até a camisa”.

Outra coisa inconcebível é que o regulamento é pisado e desobedecido e quando os diretores tentam observar, são agredidos moral e até fisicamente, quer pelos jovens como pelos pais. Um dos cidadãos é presidente de um clube social e chegou a nos afirmar que um pai de uma menina o ofendeu porque, ele como diretor, cumprindo o que prescreve o regulamento não permitiu a uma mocinha de 15 anos entrar sem o acompanhamento dos pais. O pior, acrescentou o mesmo diretor, é que tentamos junto a setores responsáveis e simplesmente nos responderam que isso é problema dos pais e que não querem se comprometer a criar inimizades.

Muitos pais, continuou o diretor do clube, entregam as meninas e vão embora, pensam que nós, os diretores temos que ficar a noite inteira cuidando deles, como se nós não tivéssemos filhos em casa precisando dos pais.

O que é lamentável é o vandalismo de certos jovens que acham bonito serem mal educados e de um péssimo mau gosto.

Quebram tudo: pias, vasos sanitários, vidros, entopem vasos sanitários e pias com papéis e outras coisas.

Apagam cigarros no carpete.

Por incrível que pareça isso vem acontecendo também no banheiro feminino.

O que não dá para entender é que estão destruindo o que é deles, pois o clube é dos sócios e não da diretoria.

Outra coisa a lastimar: É proibido por lei e pelas normas dos clubes vender bebidas alcoólicas para menores de idade. Acontece que, não é proibido vender para maiores e esses se encarregam  de fornecer aos menores. Se por um acaso um dos Diretores intervém, é simplesmente repelido com as palavras: Isto não é de sua conta, cuide de suas filhas!

Cada dia mais, vem se repetindo casos de menores que ficam bêbados no clube.

O diretor já está propenso a renunciar e se isto acontecer não é o primeiro a renunciar por motivos semelhantes. Há um pouco mais de um ano um outro diretor deixou o seu cargo à disposição, pois não encontrou uma solução para os problemas que vinham surgindo, principalmente porque os pais, diversos, apoiam as bandalheiras e a má educação dos filhos.

Senhores pais e caros jovens, nós do jornal esperamos que esta nota seja apenas lida e compreendida de conformidade com nossa intenção que é: Denunciar para colaborar.

Todos nós gostamos de uma diversão sadia e alegre e sendo que em certos lugares, por causa do mau gosto e a péssima educação de uma certa parte de jovens, aos poucos esses lugares se tornam cada vez menos. Muitos pais não deixam suas filhas participar dessas diversões e frequentar certos ambientes e tem toda razão. Por isso gostaríamos de ter a colaboração de todos, para que assim os nossos clubes sejam realmente o lugar de alegria, diversões e bons passa-tempo e não uns antros de bagunça, de manifestações de selvageria e de violência.

* Fonte: Texto publicado com o título “Uma Nota Desagradável a Pais e Filhos” na edição de 16 de novembro de 1978 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Educolorir.com.

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