EDIFÍCIO ESQUELETO

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DSC00804TEXTO: FERNANDO KITZINGER DANNEMANN (1998)

Não há quem não conheça o “esqueleto” do prédio existente na rua Major Gote, obra inacabada e abandonada pelos construtores que prometeram “mundos e fundos” aos que confiaram em seus planos mas deixaram apenas sonhos destruídos, economias malbaratadas e uma massa falida que está às voltas com um emaranhado de problemas tão confusos que ninguém sabe o que fazer para destrinchá-los.

Tudo começou em julho de 1986, quando o projeto arquitetônico foi feito por Celson Pires de Oliveira, registrado no Crea-MG sob o número 32176/D, para a Construtora Alves Guimarães Ltda., cujo principal sócio era Everaldo Nunes Guimarães. O cálculo estrutural da obra foi feito pelo engenheiro civil José Eustáquio de Deus Simões, registrado no Crea-DF sob o número 690/D. A responsabilidade técnica pela construção pertencia à própria Construtora Alves Guimarães Ltda.

Ao que tudo indica, as coisas não andaram “dentro dos conformes” desde o início, pois o pedido de licença para construção (n.º 17.872) é datado de 01/06/90, o projeto foi aprovado em 01/08/91, mas o alvará de licença (n.º 7.658) só foi concedido em 19/02/92. Por suas especificações observa-se que o edifício comercial de 11 pavimentos deveria ter, depois de pronto, dois subsolos destinados à garagem; 20 lojas comerciais no primeiro pavimento; 26 lojas comerciais no segundo pavimento; 26 lojas comerciais no terceiro pavimento; quarto pavimento sob pilotis, sem divisão interna; e do quinto ao nono pavimento cerca de 13 salas por andar, cada uma com duas peças. O prazo para início da construção era de três meses, a partir de 19/02/92, e doze meses para sua conclusão.

Mas a administração da obra foi se enrolando, foi se enrolando, as coisas cada vez mais complicadas, a Construtora Alves Guimarães Ltda. faliu, e hoje, seis anos e alguma coisa após a concessão do alvará, temos na cidade um majestoso “esqueleto” cuja destinação ninguém sabe qual vai ser. Por incrível que possa parecer, a legislação municipal estipula prazo para conclusão, ou seja, o prédio deveria estar pronto em 93. Mas não acontece nada. O síndico da massa falida não age, o poder executivo não age, o poder legislativo não age, e o prédio continua lá, com corrosão aparecendo em alguns pilares. Nada que possa causar preocupação imediata, mas sempre um sinal de que o tempo passa e as coisas se acabam.

Para a população, existem duas soluções definitivas: ou dão um jeito de terminar a obra ou jogam aquilo no chão. Mas até quando a cidade vai ter que esperar pela decisão dos responsáveis?

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 81 do jornal O Tablóide de 01 de agosto de 1998, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann.

* Foto (01/12/2013): Eitel Teixeira Dannemann.

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