CIRANDAS DE RAFAEL GOMES DE ALMEIDA – V

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CIRANDASEu tenho a impressão que o patense não anda acreditando muito em eleições diretas, porque até hoje, depois de tanto disse não disse, a linha Patos-São Paulo está no mesmo pé de mil novecentos e suspensório: Um povo espera e cala e continua a esperar. É gente que nada fala e nem devia votar! (30/06/1981)

Afinal de contas, Patos precisa entrar no conserto de Minas, pois estamos mais por fora que “umbigo de vedete”. Já tem gente que ciranda assim: Numa terra tão descrente, não se entendem os fatos: – Tem Minas prá todo lado, e só nós somos os patos! (30/06/1981)

Engraçado é que em Patos já aconteceram casos curiosos e não se tornaram manchete no Brasil. Um rapaz suicidou (?) com um tiro na cabeça, morrendo enforcado e com o revólver na cinta: Foi suicídio, explica a perícia do incapaz. E no fim o “causa-mortis”: “suicidaram” o rapaz! (31/07/1981)

Depois teve uma morte covarde, contra um motorista de taxi. Prenderam o assassino que acabou morrendo de tétano (?): O mudo foi jogar bola, num campo de vidro horrendo, cortou o pé e depois foi lentamente, morrendo! (31/07/1981)

Existe uma certa euforia patense, tendo em visto a Lei que cria, como sede da Casa da Cultura, o prédio da Estação Rodoviária atual. Não sei se é o motivo de muito alarde: A ex-Rodoviária será Casa de Cultura. Será coisa para nós, ou prá geração futura?! (31/08/1981)

É preciso lição no trabalho do Lions Giovanini. Estão pedindo uma ambulância para atender a população patense. Um clube de serviço, suprindo a omissão administrativa, porque não temos quem fale por nós: Leão saindo da jaula, por sorte o bicho não pega, simplesmente está pedindo o que o governo nos nega! (31/08/1981)

Está virando um carnaval popular a briga entre a Cooperativa e a Silvestrini. O melhor é que o povo sai lucrando, sem nada gastar: O Kam-Kam que dominava, não podia nem sonhar, que fosse morrer na praia, chegando no Miramar! (31/08/1981)

Parece que as eleições estão para chegar. Fala-se muito em direito do voto, mas o patense vai para as urnas, assim como estudante vai para o Vestibular de múltipla escolha: os candidatos vão ser muitos, e os votos vão ser poucos. E tudo nos leva a crer que continuaremos sem representantes nas Assembléias Estadual e Federal: Votar coisa difícil, para o patense é rara. E o eleitor só precisa, criar vergonha na cara! (31/09/1981)

O pior é que a gente sabe a solução. É concentrar votos nos candidatos de Patos, mas os próprios candidatos estão fazendo tudo para se dividirem: Às vezes fico pensando, e não consigo entender: – Com candidatos tão burros, a gente vota pra quê?! (31/09/1981)

A verdade é que Patos, em termo político não evoluiu. Estamos em 30 de Março de 1964 e não queremos sair daqui: Se eu falo, tem quem me xingue. Se eu calo, me condene, mas em Patos o PSD não suporta a UDN. Nunca vi jogo tão sujo, nunca vi tanta asneira. O pior é que a recíproca ainda é verdadeira! (31/09/1981)

Enquanto isso, todas as cidades já estão com seus candidatos em ponto de bala. Mangas arregaçadas, buscando votos que vão nos fazer falta. E os nossos chefes explicam: Se a gente perder em tudo, nem tudo está acabado, dá-se um pulo lá no Carmo e pede o chefe emprestado. (31/09/1981)

Uma coisa, no entanto, está escapulindo à compreensão de nossos políticos: 90% do eleitorado de agora, nem sabe o que é PSD ou UDN. Para esta maioria, o que vai pesar é votar em favor de Patos, a não ser que os chefes patenses não queiram: Calma, senhores calma, mostrem somente verdade, dêem chances de esperança para a nossa mocidade! (31/09/1981)

E para finalizar, vai um pedido de S.O.S para Patos de Minas: “Muralistas”, por favor, a omissão não aturo: – Abram o peito sem temor, desçam de cima do muro! (31/09/1981)

A bruxa continua solta em Patos de Minas. Os Bancos estão cobrando juros caros, numa política para combater a inflação. A televisão noticia todo dia uma onda altista nos juros que foram liberados a favor dos Bancos. Acontece que o telespectador menos avisado, está fazendo com que outros “bancos” paguem o “pato”: Quando o juro sobe muito, a coisa fica sem graça, a moçada se revolta e quebra os bancos da praça! (15/10/1981)

Mas não fica só nisso. A linha Patos-São Paulo, continua sendo novela sem audiência e que, mesmo sem audiência e patrocinador, não termina nunca. Só Patos consegue resistir: Se a união faz a força, há um real regozijo, e parada federal não atropela a Gontijo! E o povo, “tadinho” do povo, vai perdendo a sua fé. Vai de carona a São Paulo, e em seguida volta a pé! (15/10/1981)

* Fonte: Revista A Debulha, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Basilio.fundaj.gov.br.

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