PERDIGÃO: VINHA… MAS NÃO VEIO! − 1

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PERDIGÃOO dia era 24 de junho de 1996, o da decisão tão esperada. O prefeito Jarbas Cambraia dirigia-se para Belo Horizonte quando atendeu em seu celular a uma ligação do governador Eduardo Azeredo, que o convidava para um jantar naquela noite e comunicava que a Perdigão havia optado por Rio Verde para implantação de seu projeto. Na hora aprazada encontravam-se sentados à mesa onze participantes da reunião convocada às pressas: Arlindo Porto, Ministro da Agricultura; Eduardo Azeredo; Governador de Minas Gerais; Walfrido dos Mares Guia, Vice-Governador; Nildemar Secches, Presidente da Perdigão; Ricardo Menezes, também da Perdigão; Reginaldo Arcuri, Secretário de Indústria e Comércio; Saulo Coelho, Presidente da Telemig; Luiz Vasconcelos, Presidente da Previ, maior acionista da Perdigão; além de Marcos Decat, Oscar Faria e, naturalmente, Jarbas Cambraia, Prefeito de Patos de Minas.

Foi durante esse encontro que se tornou oficial a comunicação de que a empresa catarinense tinha decidido levar para Goiás seu projeto industrial, mas que o trabalho de persuasão  desenvolvido pelas autoridades patenses, mineiras e federais não foram em vão, uma vez que a Perdigão mostrara-se disposta a aplicar em Patos de Minas os recursos ligados ao setor avícola do investimento programado. Essa informação foi transmitida para a imprensa após as 21 horas, e a partir daí os comentários tomaram conta da cidade, alguns criticando e outros elogiando a atuação dos políticos envolvidos na negociação. Mas, afinal de contas, quem ganhou ou quem perdeu com a definição em empresa?

O projeto avícola prevê investimentos de R$ 50 milhões, sendo R$ 20 milhões da empresa e R$ 30 milhões empregados por 400 produtores que terão os financiamentos necessários liberados pelo BEMGE ou BDMG. A Prefeitura Municipal doará um terreno com área ainda indefinida, dotada de toda infra-estrutura exigida e destinado à construçãode um abatedouro com capacidade para o abate de 140 mil aves/dia. Os criadores de frangos, por sua vez, estarão ligados à empresa pelo sistema de integração, recebendo pintos, ração e assistência técnica e tendo garantida a colocação de toda a produção. Também está prevista a instalação de uma fábrica de ração com estrutura capaz de atender a necessidade de alimentação de um criatório que irá produzir a média de 8 milhões de aves a cada sessenta dias. O prazo para execução total do projeto avícola é de 18 meses, enquanto o de Rio Verde é de sete anos.

A instalação de abatedouro e criatório de frangos na região provocará reflexos diretos e indiretos na economia de Patos de Minas. O primeiro deles está relacionado com o incentivo ao plantio de milho, grão que representa 50% de toda a ração consumida pelos milhões de aves que serão criadas, com o consequente aumento da necessidade de mão-de-obra e nos gastos com adubos, sementes e defensivos agrícolas. A necessidade de montagem de uma estrutura de transportes adequada e competente para atender agricultores e criadores também deve ser considerada, pois ela não se faz sem a utilização de combustíveis, peças, pneus, acessórios e oficinas. Por outro lado, abatedouro e indústria de ração representam, além dos empregos diretos, um complexo comercial paralelo em condições de satisfazer suas necessidades, que vão desde o simples material de limpeza até a reposição de peças para o maquinário responsável pela produção industrial. E por fim, a movimentação do dinheiro representado pela produção e comercialização diária de 140 mil aves, o que acarretará benefícios sem conta para todos os segmentos comerciais da cidade. Daí a razão da afirmativa de muitos, no sentido de que ninguém perdeu, mas sim de que todos ganharam.

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 6 do jornal O Tablóide de 16 de julho de 1996, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann.

* Foto: Institucional.

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