II ENCONTRÃO – CANTAR NA PRAÇA

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ENCONTRÃOII ENCONTRÃO OU DE COMO O MILAGRE FEZ-SE O SANTO

Para que houvesse a realização do II ENCONTRÃO – Cantar na Praça sabemos que a Comissão Casa de Cultura enfrentou mil e uma barreiras, principalmente no que se refere à parte financeira da coisa. Havia na cabeça da moçada, aquela vontade e esperança de que tudo se resolveria e que mais ainda, até na última hora talvez pintasse como que caindo do céu sempre uma “graninha a mais”. Lógico, que para uma movimentação deste porte era de se esperar que os gastos fossem bastante intensos. E aperta daqui, aperta dali, em cada pensamento o dinheiro estava em primeiro lugar. Foram dadas várias sugestões, inclusive que “já que estamos no ano de eleições, por que não ganhar dinheiro nas costas destes políticos”, fácil não? Até que daria para cobrir os gastos e talvez sobrar um pouco, pois nestas ocasiões não faltaria quem quizesse ajudar de “todo coração e bom grado”, desde que “fale no palanque sobre a minha capacidade de ajudar, sobre o valor do meu donativo e por que não deixar pregar faixas com meu nome pela praça inteira e espalhar folhetos pelo céu através de um helicóptero, seria até uma atração a mais já que o povo patense teria a oportunidade de ver um avião, cruzar o céu e soltar papéis tipo serpentina”.

Mas acontece que, nem a Comissão Casa de Cultura estava se preocupando em canalizar o ENCONTRÃO – Cantar na Praça, politicamente falando, nem o povo de Patos está interessado em pular carnaval fora de estação, então que suas ajudas financeiras fossem guardadas para outros fins, e que seus confetes aguardassem épocas mais oportunas, e como a gasolina não está nada fácil, que os seus helicópteros pousassem noutras paragens. E assim fizeram os elementos da comissão, deixando que a coisa fosse levada toda ela pelo interesse cultural e que seu sucesso fosse mais uma prova de que só assim é que teremos o prédio da atual “RODOVIÁRIA” para sede da Casa de Cultura. E que esperamos seja breve.

Mas vamos ao II ENCONTRÃO…

O ano passado a Comissão fez uma homenagem póstuma ao velho trovador, sanfoneiro e repentista “JOAQUIM DO FUBÁ”. E neste ano a homenagem foi dedicada às fiandeiras de toda a nossa região. O cartaz ficou belíssimo numa criação do Grupo Brasileiro de Propaganda, ao qual queríamos parabenizar na pessoa de João Batista Olivieri. Só ressaltamos como diria o amigo Marcos (Iris Fotografia), o motivo pelo qual não consta no cartaz o autor das fotos ali expostas.

Reafirmamos mais uma vez que o ENCONTRÃO – Cantar na Praça é sem dúvida alguma o maior acontecimento artístico cultural já realizado em nossa cidade, onde o próprio povo faz a festa, numa confraternização máxima, podendo comprovar todo aquele que ali compareceu que o potencial de Patos de Minas, principalmente da juventude supera em grande quantidade, e as amostras ali apresentadas foram de uma valia incalculável, pois pudemos ver de tudo um pouco, e por que não dizer de tudo o muito.

E o II ENCONTRÃO preocupou-se em seguir quase que, a risca, a linha de propósitos e o sucesso do primeiro, demonstrando assim que daqui para frente todos os outros, poderão ser ampliados, mas sempre se expandindo os objetivos dos anteriores, principalmente na consolidação e criação da Casa de Cultura.

E o que posso afirmar é que as apresentações este ano evoluíram bastante desde o show das crianças até o final da noite que culminou com a apresentação do Clubinho Carnavalesco do Povo.

Na parte da manhã, as crianças pintaram até a alma, havia tintas, palhacinhos e “palhações” de toda espécie, conseguindo assim botar no rosto de cada uma, o sorriso contagiante de que ali sim estavam se sentindo no mundo da lua, além da parte musical com toda euforia, cantavam músicas de roda, ciranda e várias músicas consideradas já folclóricas pela criançada.

Desde manhã, até à noite, a Feira de Arte e Artesanato estava à mostra, onde também pude comprovar que o artesão patense deveria não se preocupar só em mostrar seu trabalho em movimentos deste estilo, pois segundo sua presidente Da. Maria da Graça Correia da Costa, aos domingos são poucos os que frequentam assiduamente a feira para exporem seus trabalhos, e que quando surge uma oportunidade eles todos reaparecem como que ressuscitados do céu.

À tarde o folclore prevaleceu, onde os foliões e fiandeiras também tiveram o seu lugar.

Começando um pouco mais cedo, o show musical-poético culminou sobre todas outras atrações. Realmente valeu a pena ouvir de novo o Grupo Versus (Charles, Gilmar, Giovanni e José Afonso) dando um show a parte com a música “Aviso”, que sem dúvida alguma é a mais linda composição musical que eu conheço em Patos; e ainda o Grupo Magus do Sol (Taquinho, Ivan, Joãozinho, Waldir e Gilberto) com algumas interpretações que marcaram dos Beatles. E muitos grupos novos, violeiros, poetas. É a expressão artística de Patos falando mais alto dentro do coração patense.

Estamos torcendo e esperando ansiosamente a realização do III ENCONTRÃO – Cantar na Praça. Vamos aguarda moçada.

* Fonte: Texto publicado na coluna Sem Fronteiras da edição n.º 45 da revista A Debulha de 15 de abril de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo de Gilmar Ribeiro de Castro.

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