PICUINHAS POLÍTICAS EM 1982

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POLITICATEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1982)

Durante uma vida o povo patense se viu guiado por passos alheios, enxergando com olhos estranhos, perdendo a sua vontade e seguindo a vontade dos outros.

Durante uma vida, enquanto me foi possível, acusei, como jornalista, a estupidez da política local, mostrando que em nossa terra ninguém vencia e só interessava saber quem iria perder de menos. Acompanhei a luta inglória do José Maria, segui de perto o sonho desvairado do Oswaldo.

Foi preciso uma estupidez do PDS patense para que o povo abrisse os olhos e em tudo, o mais lamentável, é a ausência do Oswaldo como deputado Federal. É claro que o Oswaldo perderia, ninguém discute isto, mas seria uma voz a mais para se juntar às vozes que agora teremos.

O PMDB, diante da falta de diálogo do PDS, sentiu-se ferido nos seus brios e quis dar uma lição de unidade, mandando que os candidatos de outras terras fossem bater em “outra freguesia” e, curiosamente, até os votos indecisos que foram poucos, tinham um abrigo na sub-legenda do partido da então oposição.

Enquanto o PMDB marchava unido, o PDS foi se esfacelando. As sub-legendas serviram para dividir os próprios eleitores do partido nesta divisão que pouco ou nada se poderia esperar do partido do governo. Mas os homens do PDS não se sentiam satisfeitos. Para um colégio eleitoral que nos permitiria eleger um deputado estadual, tivemos o apoio a outros candidatos de tal maneira que no fim, corre-se o risco de não se eleger nenhum.

Durante uma vida, gritamos contra a falta de unidade dos partidos, mas nosso grito não sensibilizava o eleitor. Agora quando parece certa a vitória de José Maria e quando se acena a esperança de eleição de José Mendonça, penso que Patos vai sair menos triste, principalmente, porque muito se espera da administração do Prefeito eleito Arlindo Porto Neto.

Oxalá, a gente consiga enterrar o passado e Patos tenha condição de marcar história num pleito que foi histórico pelo falar das urnas. Não porque tenha vencido o PMDB, mas pela margem de votos que com que o partido venceu. Não porque o PMDB tenha vencido, mas porque conseguimos, no mínimo, um deputado estadual e um federal.

Aqueles que vão governar pelo povo patense, já não podem mais reclamar desse povo que agora marchou unido. Os eleitos não devem sentir o peso da responsabilidade, porque na hora de reclamar por direitos legítimos, o povo estará fazendo coro com os reclamos dos nossos governantes.

O PDS precisa começar a pensar em mudança, mesmo sabendo que, proximamente, estaremos sem partidos e que nossas siglas aparecerão. E vamos torcer para que o Elmiro também tenha conseguido se eleger.

Mas que fique o exemplo: não podemos esperar que votos nos venham de fora. Já temos provas de que podemos comandar o espetáculo a nível regional.

Pode ser que eu esteja sendo imodesto, mas na parte que me coube, nesta Revista, assim como nos jornais que servi em Patos de Minas, sempre dei um pouco de mim, às vezes até me expondo, para que se chegasse no ponto em que chegamos. Nunca defendi partido político, mas sempre coloquei o interesse de Patos acima de qualquer paixão partidária.

Demorou muito, mas parece que o primeiro passo já foi dado. Vamos esperar e torcer, porque temos uma grande caminhada pela frente.

* Fonte: Texto publicado com o título “A Grande Arrancada” na edição n.º 60 da revista A Debulha, de 03 de dezembro de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Talentonoticias.com.

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