PARA PIANO E VOZ

Postado por e arquivado em ARTES, LITERATURA, WANDER PORTO.

Criei uma grife de atalhos para as rotas de fuga da paz e larguei de banda em Álcool-atraz tantos contos, tantos quantos foram os outros muitos cantos e recônditos casos, estórias tortas, tortos descasos, matinées de paixões e culpas, JAMs de perdões e desculpas, fui soul&blues e remix de ti em mim, que por pouco não” me se mando”, autoperdido que ando nesses todos tempos idos, consumidos em sustos mofados, choros fonados, idiotias guiadas ao abismo salgado da boca y aberta por alarmes e egos. Lambi a lágrima rouca ao sul dos olhos e com a esgrima da solidão fui à guerra que mata e enterra essas mãos nunca dadas, essas caras de ódio, essas taras de ócio e esse sorriso estúpido de rigor mortis kabuki. Sem mais reais idéias brilhantes que de tão poucas e porra-loucas nunca se dão ao sublime de admitir, socialites que são, os finais felizes, por inúteis que somos quando nos somamos aos nadas, esses infelizes de porcelana. Essa conversa fica meio que sem vice-versa já que o mundo é uma corda de nós cegos secos, laços surdos, traços mudos e que no fundo, apenas, não nos quer a sós. Já que somos assim um tanto incomuns com esses 2 números além do padrão vigente e o que vige é esse gênero alimentício com sabor de nostalgia em grau bastante comprometedor, por isso, contra tudo e a favor de todos, apresso-me a lhe deixar por legado, a duras penas, digo-me de passagem, a duras cenas, minha imortalidade combalida pela data de validade vencida, nesse imbróglio instável:- um amarrio de poemas líricos, meus cadáveres metrificados, e só. Aí, me desfalco da máscara num palco à prova de gritos, lamentos e atritos, exponho as rugas do sucesso e empunho as vísceras do fracasso contra essa malta seleta, repleta de Eu e outros mil 201 Eus fictícios, claque de zumbis, tolos rotos e nulos, mas altamente propícios a apupar um confesso ego confuso, mero catálogo publicitário da clínica do Dr. Freud, de um Freud difuso, obtuso tal e qual Narciso perplexo, Gumercinda pára-quedista, Afrodite com cistite, Nonato in peculato flagra, ou Zeus, esse sem nada ou ninguém, como sempre. Agora se preciso, mas muito preciso for, para me fazer ouvir, me libertarei dessa fúria de isopor, desse ranço de bulbo cebolal, desse hálito perverso de saliva antiga e me atarei pelas tripas a essa constrangedora fobia de aplausos que me é patológica e sempre em recidiva e aí sim, em barítono, cantarei de modo único, cínico, lúdico e empírico o meu adeus cênico, escatogênico. Sim, um solo audaz nesse derradeiro minueto Hippie-Hope epistolar e epidêmico em clave de Compaixão Maior, um ridículo alegro-ma-non-troppo durante os dias brancos e Tristão & Isolado nas noites pardas de lírios pálidos e sono algoz, acompanhado de uma orquestra bêbeda e decadente, composta somente de piano e voz.

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