TEMPOS SOMBRIOS DA COOPERATIVA

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COOPATOSCriada em 20 de abril de 1957, a Coopatos há mais de meio século vem contribuindo com os seus cooperados, na administração dos negócios. Considerada uma das principais cooperativas do país, a empresa, que se localiza na maior bacia leiteira da região Sudeste do Brasil, com sede no município de Patos de Minas, tem sua história pautada no respeito ao cliente e na qualidade dos serviços prestados. Tendo como principais atividades a recepção, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização do leite produzido por seus cooperados; assim como o fornecimento de insumos, de bens de consumo, de equipamentos e de assistência técnica veterinária e agronômica, a cooperativa gera mais de 400 empregos diretos e cerca de 10 mil indiretos.

As palavras acima estão no “Institucional” do portal oficial da Cooperativa. Não há como negá-las, pois, realmente, Patos de Minas pode se gabar por ser portadora desta grande empresa. Mas eis que, mesmo empresas gabaritadas como a Coopatos podem ter seus “tempos sombrios”. E os tempos sombrios da Coopatos ocorreram na década de 1960 e, mais precisamente em 1969, correu o risco de ser denunciada por vender produtos de má qualidade por causa de um vendedor de leite inescrupuloso. Foi assim que registrou uma matéria publicada no Jornal dos Municípios em 29 de junho daquele ano:

Reclamações contra o fornecimento do leite pela Cooperativa estão se avolumando diàriamente. Muitas famílias já não adquirem o leite das “vaquinhas” por diversas razões e, inclusive, agora, por motivo de falta de higiene.

No entanto, o mais grave de tudo isto é a falta de honestidade por parte de certos vendedores. Todo mundo sabe que um litro contém mil mlts, é o oficial. Pois bem, façam uma experiência: verifique se o litro de leite fornecido pelo vendedor AFONSO contém a medida oficial. Sei que um comerciante comprava determinada quantidade de leite e um dia resolveu medir a compra e, pasmem, deu uma diferença de dois litros em vinte litros. Êste mesmo vendedor, na sexta feira ao fornecer três litros de leite para um bar, teve sua atenção chamada pelo nosso redator e em resposta recebeu simplesmente uma sonora saraivada de insultos. O que vale dizer, além de o mesmo ser desonesto é mal educado. Não está em condições de servir uma população. Mediu-se o leite, num litro oficial e, em cada litro faltou mais de meio copo de leite.

Todos nós que consumimos o produto da Cooperativa, pagando o preço de NCr$ 0,40 por litro, sabemos que o leite é fraco, é velho, é leite dormido e que não pode ser fervido porque muitas vezes talha. Além dessa grave irregularidade ainda vem o vendedor Afonso com sua má educação. Sabemos de um hospital que não fornece aos seus doentes o produto da Cooperativa e porque? pergunto eu.

Torna-se necessário que os senhores dirigentes da Cooperativa tomem ciência dos fatos a fim de coibí-los, zelando, inclusive, pela saúde e pela bolsa do povo patense. Certamente que existem outros meios para que nós, membros da comunidade, façamos respeitados nossos direitos. É o que pretendemos fazer, inclusive denunciando as irregularidades às autoridades locais e Estaduais. Temos êste direito e êle não será postergado por um vendedor mal educado e desonesto. Voltaremos ao assunto, para maiores esclarecimentos, oportunamente.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte do jornal: Texto publicado com o título “O Vendedor… O Leite… A População” na edição de 29 de junho de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Olhares.uol.com, meramente ilustrativa.

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