No final da década de 1960 o João Cor-de-Rosa (João Euclides Matos) comprou uma fazenda às margens do Rio Catirina, entre a cidade de Lagoa Grande e o distrito de São Brás, município de Lagamar. Não demorou muito ele convidou alguns amigos mais chegados para uma pescaria. Foram Fernando Dannemann, Hélio Amorim, Vanir Amâncio e Zé Jorge.

O João tinha um Jeep Willys de capota de lona. Juntaram a tralha de pesca no cansado veículo e partiram. Naquele tempo não era nada fácil transitar por aquelas estradas de chão. Até Lagamar era coisa de mais de quatro horas. E o João entrava por uma estrada, entrava por outra e o tempo corria célere. E nada da fazenda. A turma já estava ficando irritada, pois o João tinha por obrigação conhecer o local onde ficava a sua fazenda. Já tinham rodado umas 7 horas e o João não dava o braço a torcer dizendo que estava mostrando a boniteza da região. Já na boquinha da noite o João não aguentou mais e confessou:

– Gente do céu, eu acho que tô perdido mesmo. Coisa esquisita, sô!

Quinze minutos antes passaram por uma casa afastada uns duzentos metros da estrada. O jeito foi voltar lá para pegar informações. E voltaram “matando de raiva” o João com as gozações. O Jeep parou em frente à porteira. A turma toda desceu e caminhou até a casa. Chegando, ele gritou:

– Ô de casa!

Um velho de cabelos brancos como a neve abriu lentamente a porta, saiu com uma espingarda apontada para o grupo e perguntou:

– Cêis tão querêno o que?

Assustado o João falou:

– Abaixe a espingarda, senhor. Estamos apenas querendo saber de quem é esta fazenda.

O senhorzinho os encarou, olhou, olhou e respondeu:

– Óia, gente, sei lá porque cêis tá querêno sabê de quem é essa fazenda, mas ela é dum tár de João Cor-de-Rosa lá de Patos.

* Fonte: Fernando Kitzinger Dannemann.

* Foto: Clubedospensadores.blogspot.com.