DESENCONTRO DE ARTE

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ATEXTO: JORNAL CORREIO ESTUDANTIL (1979)

Nos dias 17, 18 e 19 de agosto, uma turma de artistas de Belo Horizonte veio a Patos para o 1.º Encontro de Arte de nossa cidade. Pessoas sensacionais fizeram parte do grupo, entre elas, escultores, cantores, poetas, pintores etc. Trouxera magníficos áudio-visuais, super 8 e um filme brasileiro de alto valor: “O Homem do Corpo Fechado”.

Vieram com o intuito de divulgar a arte e a cultura em nossa cidade e ao mesmo tempo, de descobrir novos valores patenses. Realmente divulgaram o seu trabalho e se extasiaram diante de muitos artistas nossos que inegavelmente são muito bons.

O “Encontro” foi aberto com um coquetel na Casa das Representações, onde estava presente um grande número de pessoas que não se deram ao trabalho de admirar as obras expostas. Estes presentes não mais apareceram em nenhuma das promoções.

Os mencionados áudio-visuais foram apresentados, houve o show do cantor Celso Adolfo, foi exibido o filme no Cine Riviera, foram apresentados artistas patenses… mas não havia uma dúzia de espectadores de Patos em nenhum dos shows.

É triste a verdade, mas foi o que aconteceu: alguns membros dos grupos teatrais da cidade de um lado do teatro, pouquíssimos estudantes do outro, e um membro da Prefeitura Municipal, acompanhando os artistas de Belo Horizonte.

Eu pergunto: Onde estavam aqueles que compareceram ao coquetel de abertura?

Uma vergonha. Os que prestigiavam as apresentações não sabiam o que falar da ausência do público. Falta de divulgação não foi. Por onde a gente andava, via o programa do encontro e a propaganda.

Felizmente, estes que compareceram, absorveram a cultura que aquele pessoal trazia para nós. Isto foi claro para provar o desinteresse do patense pela cultura e a arte e deu-nos a oportunidade de contar nos dedos da mão, os que possuem a vontade de aprender e transmitir e que realmente possuem o que se pode chamar de consciência.

Que Patos se liberte para a arte e possa receber a cultura, verdadeiramente ciente do que está recebendo.

Que este pessoal de Belo Horizonte, liderado por Arlindo Porto, volte para martelar na cabeça dura do patense até conseguir fazer penetrar na mente de cada um, o interesse pelo o que faz enriquecer o homem, espiritual e intelectualmente.

O nosso diretor do Departamento de Educação e Cultura, Paschoal Borges, tentou organizar um grande encontro, prenúncio de muitos outros que poderiam acontecer anualmente. Ele tentou e deve tentar mais, até que os patenses se conscientizem aos poucos.

Pedimos desculpas aos artistas de B.H. pelo escasso público, mas também agradecemos pela boa vontade deles de trazer a arte para Patos de uma tão excelente forma. Oferecemos a eles, o nosso apoio e nossas mãos, para que juntos possamos realizar um “Encontro de Arte”, e não um “Desencontro”, como aconteceu aqui.

* Fonte: Texto publicado na edição de setembro de 1979 do jornal Correio Estudantil, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Manuvercesicoelho.blogspot.com, meramente ilustrativa.

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