SURUBIM DE LEITE

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HISTORIAS DE PESCADOR - MURALJOIA.COMMeu cunhado Tôni Rôni gostava demais da conta de pescar debaixo da Ponte do Bigode. Tempos atrás, naquele local, o Paranaíba dava algumas alegrias aos pescadores e não havia tamanha quantidade de “peixes estranhos” que desciam boiando. De vez em quando eu ia com ele e, muito do geralmente, eu pescava mais, principalmente belos mandis amarelos que hoje são raros.

Certa vez, lá estávamos e, como sempre, eu pegando mais peixe que ele. Foi quando se levantou para ir até o carro estacionado ali pertinho.

– Uai, cunhado, desistiu? – perguntei com um sorriso matreiro.

Ele não respondeu e voltou com uma vara e um molinete importados. Sentou e falou:

– Quero ver agora se pesco ou não pesco!

Já mais tranquilo arremessou a linha e imediatamente sentiu um forte e contínuo puxão. Gritou:

– Nossa Senhora da Abadia, Credo em Cruz Ave Maria, é um surubim de mais de 30 quilos, só pode ser!

Ainda não tinha pronunciado metade das palavras quando viu a vara arrancada brutalmente das mãos. Ele emendou:

– Valha-me Deus, mas o bicho é bruto demais!

Foi aí que reparei num barulho de motor de caminhão. Olhei para a estrada e a charada estava morta. Que surubim bruto coisa nenhuma. O Tôni Rôni, ao arremessar a linha, esta, ao invés de ir para frente, foi para trás e se enganchou num caminhão de leite que passava na ponte justamente naquele momento.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Muraljoia.com.

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